Quem Diria?!
Encontro-me diante de um quadro de traços simples que me enrola nas suas ondas desenhadas a carvão e me leva ao sabor da maré da memória vinte milhas atrás. Estava um maravilhoso dia de verão. Éramos ainda duas meninas, primas mas parecidas como irmãs e sempre prontas para a diversão. Trocara temporariamente o barulho louco da cidade grande pela melodia harmoniosa desta pequena cidade. (Quem diria que um dia a troca seria permanente?!) Saímos para andar de barco. Era o primeiro passeio de barco da minha vida! Guiada pela emoção daquela estreia e pela mão cúmplice que me puxava para a frente, sentei-me na proa, pés borda fora, cabelos ao vento, enquanto o motor ganhava cada vez mais força numa provocação controlada de quem nos queria intimidar. A adrenalina que me invadia emparelhava com as hormonas da idade ao som da música intensa que soava no rádio. (Quem diria que hoje ainda me lembraria dela?) Recordo-me do gozo que nos dava sermos puxadas num “tubarão” de borracha em