Efeito Rebanho
Nunca fui muito de
modas, daí que aquela velha história de um faz e, por qualquer razão estranha, de
repente vai tudo atrás, sempre foi algo que me irritou solenemente, até porque
nunca gostei de ter quem me limitasse o horizonte ou guiasse no percurso.
Para além de ser um
fenómeno revelador de falta de personalidade, é também, lamentavelmente, um indicador
da preguiça que a malta tem hoje de pensar pelos seus próprios cornos, afinal
quem se passeia em rebanho só pode ser carneiro, ovelha, bode ou cabra.
O que acontece hoje
ao nível das redes sociais é sintomático. Surge uma polémica qualquer e o
impulso de partilhar é mais forte do que a seca de ponderar. Não interessa de
onde surgiu, porque surgiu ou como surgiu a questão. Se estão todos a
pronunciar-se e a passar palavra, siga! - “Não serei eu a ovelha negra…” –
Tira-me do sério este pensamento pequenino!
Às vezes, o próprio
alvo de discussão é tão medíocre que a atenção que lhe é dada é também pura
energia desperdiçada.
Na verdade, o nosso
momento é tão curto que deixá-lo nas mãos do que os outros pensam, dizem ou
fazem é, para mim, uma tremenda bestialidade.
Não tenho a mania,
nem sou de modelitos exclusivos mas digamos que, não sendo pura nem virgem,
orgulho-me de exibir a minha própria lã.
A propósito, também
é muitas vezes anedótico o que acontece no mundo da moda. Há quem atropele
espelhos e balanças na corrida desenfreada pelo que está na berra, perante o verdadeiro
berro (de susto!) de quem observa, incrédulo, a parvoeira de um hipopótamo se
querer igualar a uma girafa. Simplesmente, não faz sentido.
Enfim, seja por
falta de personalidade, seja por falta de estilo, irrita-me que as pessoas
vistam uma pele que não é a sua para viver numa redoma de aparente segurança e espírito
de grupo.
Afirmar-se não é tão
fácil como seguir cegamente exemplos alheios, como faz muitas vezes o
adolescente que começa a fumar ou a experimentar drogas só para não ficar para
trás… Exige visão, firmeza, garra e convicção. Forças que vêm de dentro e que
constroem barreiras às fraquezas que possam vir de fora.
Neste tempo louco,
há que ser forte e ousar ser diferente, pensar diferente, sentir diferente e,
só assim, fazer a diferença!
Sejamos genuínos,
inteligentes, oportunos e brilhantes; não ovelhinhas amorfas e pedantes!
Sofia Cardoso
13 de janeiro
de 2013
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