Sempre Mais
Lançada ao mundo, tenho
uma garantia: uma só vida para viver perante milhares de caminhos transitáveis.
Saber quanto tempo durará a viagem, está fora do meu alcance mas idealizar como
decorrerá, é meu dever.
Felizmente, nunca
cometi o erro de achar que o mundo gira à minha volta. Sempre tive, antes, a
firme convicção de que sou eu que devo circular muito para o acompanhar e sugar
dele o mais que consiga ou sugada serei eu.
Assumi o
compromisso de viver cada dia da forma mais intensa possível, o melhor
possível, exigindo tudo de mim até ao limite do que me for possível. Ficar-me
pelo “e se”, está fora de questão. Luto pelo “consegui!” Move-me o fascínio de
não saber o que vem a seguir e, ainda assim, ansiá-lo. Abro os braços ao hoje expectando
o amanhã, com a ousadia de quem renega a normalidade e a coragem de quem se
atreve a enfrentar a dubiedade. Não vivo por viver. Vivo por prazer!
Odeio amarras. Amo
ter asas. Não encaro o futuro como um dado adquirido. Sei-o sempre à minha
frente mas não à minha espera. O tempo é impiedoso. Se não correr atrás do que
desejo, posso estar a virar as costas, a cada segundo que passa, à oportunidade
de o concretizar. O receio é o maior inimigo da conquista…
A rotina, ideal e segura
para alguns, é tortura para mim. Busco sempre mais, algo que faça a diferença,
que some pontos no enriquecimento da minha experiência de vida, que me realize
mais e mais. Recuso ser só mais uma a deambular por aí, a encolher os ombros, no
conformismo do mais ou menos. Só quero saber do mais. Que se lixe o menos! Se
não ouso, não gozo.
É tão simples
quanto isto: o mar é realmente maravilhoso. Contudo, limitar-me a contemplá-lo,
ainda que comodamente sentada na areia, torna-se monótono. Afunda-se a emoção
de desvendar o que está para além da rebentação. Prefiro mil vezes a ação. Lançar-me
a ele a bordo de um barco à vela – como já o fiz – e partir à aventura, mesmo
sabendo que vou enjoar assim que sair da barra – como já aconteceu – mesmo que
as ondas tenham que me passar violentamente por cima fazendo-me sentir medo –
como já senti – e só assim, apostando tudo, ter a certeza que durante todo esse
tempo estive plenamente viva e amei.
Sofia Cardoso
27 de janeiro
de 2013
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