Lar
Sinto-me uma privilegiada. Sinto mesmo…! Daquelas
que acha que do pouco se pode retirar muito e, melhor do que isso, daquelas que
consegue pô-lo em prática!
Muitas vezes não o faço sozinha, tenho a
felicidade de ter vindo a conhecer pessoas ao longo da minha caminhada que me
ajudam nessa tarefa de ser feliz na trivialidade, basicamente, porque pensam e
agem com a mesma motivação, no mesmo sentido. E esses raios de sol compensam
todas as nuvens negras (porque sempre as há pelo caminho…)
É muito mais fácil do que parece, a sério! É só
estar um bocadinho atento…
Tão simples como isto: podemos sair de casa
debaixo de um dia horrivelmente chuvoso e frio, talvez até apanhar uma molha e
soltar ainda um atchim ou dois mas, se calhar, apanhámos a dita molha só no
percurso até ao carro que depois nos levou confortavelmente e em segurança até
ao emprego e depois de volta a casa onde, com sorte, até temos um super marido
ou uma super mulher que ainda nos faz um chazinho com umas torradinhas ou nos
diz que descansemos no sofá que ele/a trata dos miúdos. E o que interessa é que
estamos juntos, no aconchego do nosso lar.
E nem é preciso ir muito longe (sair de casa, digo.)
Há pequenos gestos ou palavras que revigoram os nossos dias, o nosso humor. Um
sorriso, um abraço, um obrigado, um incentivo, um elogio, uma mensagem de
afeto, um "adoro-te!" logo seguido de um "és a melhor mãe/pai do mundo!", um “deixa estar que eu arrumo a cozinha” depois do jantar, quando o outro cozinhou, ou mesmo um
“hoje faço eu o jantar!” E um dia é um, no dia seguinte, o outro, já que a união
e a partilha são isto mesmo… Dar, receber, retribuir e assim sucessivamente. Naturalmente, sem cobranças,
sem exigências, de coração puro, sincero, disponível e recetivo.
Não há nada mais reconfortante do que sentir
que temos um cantinho só nosso, que não estamos sozinhos, que estamos rodeados
de pessoas que gostam de nós exatamente como somos e pelo que somos. Sem
complexos, sem receios, sem julgamentos injustos ou precipitados.
Se sentirmos isto e tivermos saúde (porque esta
é crucial e lamentavelmente nem sempre depende de nós…), tudo o mais vai-se
conquistando, não sem esforço, desilusão ou dor, mas com perseverança,
honestidade, integridade, bom senso…
Porque a vida não nos chega tipo “chave na mão”…
Temos que ser nós a construí-la, escolhendo os materiais que a farão mais
consistente, mais duradoura, feliz e bem-sucedida… Temos que a edificar, equipar
e manter, diariamente, mas não com a preocupação de fazer dela um palácio.
Podemos vivê-la de forma bem simples, sem grandes luxos e, ainda assim, fazer
dela a melhor do mundo porque decorada com carinho, de janelas escancaradas
para as brisas positivas exteriores, protegida de fugas de paz, de porta sempre aberta a quem nos quer bem,
aquecida a cada metro quadrado por botijas de amor, alicerçada em valores resistentes
a todos os pequenos sismos que a vão abalando mas não a destroem, mesmo deixando
tudo fora do sítio…
…Fazer da vida o nosso lar e do nosso lar
o pilar mais sólido da nossa vida…
Sofia Cardoso
07 de novembro de 2014
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