Balanços

Aproximando-se a passos largos o final de 2014, desata tudo a fazer balanços. Ora aí está coisa com que eu não perco muito tempo.
Não gosto de balanços nem de balanças. Se aqueles pesam os acontecimentos, estas pesam os alimentos e eu gosto mesmo é de viver os acontecimentos e de desfrutar dos alimentos. Já nas balanças que pesam pessoas, então, nem recaem os meus pensamentos…!
Fazer balanços pressupõe estarmos a terminar uma fase para começar outra e no fundo para quantos assim o é, efetivamente? Dia um de janeiro, continuarei na mesma casa, viverei com a mesma família, contarei com os mesmos amigos, trabalharei na mesma instituição, terei os mesmos sonhos e, decididamente, continuarei a ignorar as balanças! 
As mudanças estarão sempre à nossa frente, à espera. Não percamos tempo a viver para trás, não as façamos esperar.
Interessa ir vivendo, absorvendo, gozando, aprendendo… Cada dia da nossa vida é único, irrepetível e o que fica para trás, para trás ficou. Uma vez passado, para sempre inalterado. Não adianta chover no molhado. Sim, podemos e devemos ir olhando para trás no sentido de tomar consciência do que construímos, do que nos enriqueceu, do que nos transformou mas pelo retrovisor, sem fazer marcha atrás para lá voltar. Até porque no retrovisor só é visível o que vale a pena recordar, o que edificámos e resistiu, não o que ficou para sempre nos buracos que a estrada abriu. O tempo que se perde analisando o que passou deve ser despendido a sonhar, a fazer planos, a descortinar como os concretizar, a decidir encarar cada novo dia (que interessa o ano?) como sendo insubstituível, como oportunidade exclusiva de sermos mais e melhores, em tudo e com todos, sem nos esquecermos de nós porque o nosso eu fica muitas vezes esquecido, a sós.
O que aconteceu em 2014 fica trancado em 2014. Venha o fogo-de-artifício libertar 2015, na sua magnificência, e brindemos aos novos horizontes para abranger, caminhos para percorrer, pontes para aproximar, sonhos para realizar, momentos para viver, pessoas para conhecer e a tudo o mais que possamos creditar na conta da nossa existência!


Sofia Cardoso
30 de dezembro de 2014
       

   

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