Manas

Uma criança pode ter um quarto cheio de brinquedos mas nenhum lhe proporcionará tanta diversão como um irmão.
Tenho como certo que, entre tantas outras riquezas que engrandecem a vida dos miúdos, ter pelo menos um irmão será, incomparavelmente, das melhores.
Tomo de exemplo a relação a que assisto, da primeira fila da plateia, diariamente. Aquilo que as une é tão especial…
Ser a mais velha tem tanto de privilégio como de responsabilidade e ela supera as expectativas pela forma como lida com a mais nova, que gosta de esticar a corda e de lhe testar a paciência. Ainda assim, não desilude.
É uma bênção e um orgulho vê-las crescer juntas, na cumplicidade de olhares que só elas percebem, na amizade que mutuamente sentem, na alegria com que se divertem e até na forma como, na parvoíce, me enlouquecem!
A mais velha protege a mais nova quando a sente triste, acarinha-a em qualquer circunstância, ensina-lhe orgulhosamente o que já aprendeu, educa-a para a consciência do que está certo ou errado, seguindo o exemplo que recebeu.
A mais nova, absorve tudo, provoca, pede sempre mais limites, atenção e mimo, embora também o dê e muito, pois tem tanto de reguila como de doce e sabe tão bem arreliar como amaciar.
Nem sempre é fácil porque os feitios são diferentes. No entanto, elas encaixam-se, resolvem, na maioria das vezes, os próprios conflitos e são estes que igualmente as ajudam a crescer, a respeitar, a perdoar…
Brincam e jogam a tudo o que faz parte da idade; assistem aos programas da atualidade; riem e choram com a mesma espontaneidade; vivem os dilemas típicos da sã rivalidade, mantendo cada uma a sua individualidade; implicam uma com a outra com toda a naturalidade; zangam-se e fazem as pazes com a mesma sinceridade e se calhar ficarão impossíveis na puberdade, só que não prescindem da companhia uma da outra em qualquer atividade…
E de forma cúmplice, respeitadora do espaço e maneira de ser/estar de cada uma, só terão a lucrar na vida com este eterno e único laço de fraternidade.










Sofia Cardoso

03 de janeiro de 2015

Comentários

  1. Mano há só um <3! Gostei muito do texto, fazes avivar memórias, sentir o coração... Quero abraçá-lo, AGORA!

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    1. Fico muito feliz por isso, já que é pelo e com o <3 que escrevo. ;) Mto obrigada!

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