Reis
Dia de Reis é sinónimo de festa grande em Espanha. Já por cá, à parte as
coroas feitas pelas crianças na escola e a referência ao Bolo-Rei, apreciado
aqui e ali, a coisa passa meio despercebida.
Dei comigo a refletir sobre a razão de ser da tradição, mesmo aqui ao
lado, ser tão diferente da nossa e resolvi ler sobre isso. “Googlei” o tema e não descobri muito
mais do que já sabia. Afinal, é óbvio, ou não?
Certo é que, realmente, considero que nuestros
hermanos é que têm razão (não fossem eles muito mais religiosos do que
nós!)
Gosto de coerência nas coisas e, de facto, sendo o Natal (ou devendo
ser!) não mais do que a festa comemorativa do nascimento de Jesus Cristo e
devendo a tradição dos presentes a sua razão de existência às ofertas que os
Reis Magos fizeram ao Menino aquando do seu nascimento, parece-me que, efetivamente,
o correto seria esperar por este dia para abrir os ditos.
A verdade é que se o Pai Natal encaixa bem no imaginário mágico das
crianças e a sua existência é mais palpável, mais visível, mais fácil de
justificar aos pequeninos, o Menino Jesus pode também ser-lhes apresentado de
uma forma simples (e até igualmente mágica) que os faça sonhar do mesmo modo.
Hoje em dia, em minha casa o Pai Natal já não entra (tínhamos, aliás, um
pobre coitado pendurado na varanda que foi perdendo as calças e assim ficou, ao
abandono, até entrar pela janela diretamente para o lixo). As minhas filhas já
não acreditam nele mas um dia, inevitavelmente, chegaram a acreditar porque a
realidade circundante deixava pouca margem para fugir dele. Ainda assim, sempre
existiu um presépio a que dou destaque na sala e à volta do qual tento criar a
nossa própria magia.
Faço questão que as minhas filhas conheçam o outro lado da história, o original,
o puro porque despojado de superficialidade e consumismo desenfreado. De resto,
na minha infância, não me lembro nada de se cultivar a figura do “gordo
barbudo” e o Natal era feliz (muito mais feliz, talvez…!)
Só que a sociedade de ontem não é comparável à sociedade de hoje, pois
não? É uma pena e dá que pensar no que andamos a deixar escapar.
Sofia Cardoso
06 de janeiro de 2015
Texto bem idealizado e excelentemente argumentado!!! Parabéns
ResponderEliminarObrigada! =)
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