Só o que é possível

Por vezes somos demasiado exigentes connosco. Queremos carregar o mundo nas costas. Chegar a todos, a tudo e a todo o lado. Resolver tudo em menos de nada, Julgamo-nos, martirizamo-nos, sem nos darmos o direito de nos ouvirmos sequer em nossa própria defesa.
Nenhum de nós tem de se achar o Super-Homem ou a Supermulher se nem reconhecemos a sua existência fora do mundo da fantasia.
A nossa vida é real, das suas alegrias às suas maiores dores e cada um sabe melhor do que ninguém quais são as suas. Devia chegar-nos o que nos surge a cada um pelo caminho e devíamos concentrar-nos naquilo com que conseguimos lidar, naquilo de que podemos dar conta, resolver, simplificar…
O que transcende o nosso alcance, porque está fora do caminho, ainda que à vista, o que nem sequer surgiu ainda no horizonte embora já o temamos, o que tenta atingir-nos só por pura distração mas não faz realmente parte do que é importante… Tudo isso, devíamos ter automaticamente a capacidade de ignorar por ser tremendamente desnecessário e pura perda de tempo.
Pensando por palavras de um querido amigo, basicamente, devíamos cingir-nos à atitude pragmática de aceitar que «só o que pode ser» pesa. Afinal, ninguém carrega uma barra com 20 kg se só consegue levantar 10…
Fazer desta atitude uma filosofia diária simplificaria tanto as nossas vidas… Compreender que há um limite para tudo e serenamente aceitá-lo. Não exigir demais quando não é possível corresponder… Não sofrer demais por aquilo que não está ao nosso alcance resolver… Não lutar demais por causas que sabemos à partida que iremos perder… Não desperdiçar energias com algo ou alguém que de nós nem quer saber… Enfim, preocuparmo-nos simplesmente em amar, trabalhar, confraternizar, problematizar, enraizar, enfim, VIVER na medida do que pode ser. E só isso já nos dará, com certeza, muito que fazer…


Sofia Cardoso
27 de janeiro de 2015


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