Só um Sonho

Sonhei contigo.
Gostava de to dizer.
Foi tão real… Que perigo!
Tanto quanto pode ser.

Ainda estou a ver-te
Sorrir como antigamente.
Aquele gozo de ter-te
A provocar-me deliberadamente.

Já não é este o primeiro
Poema que te escrevo.
O outro foi subterrado pelo tempo
E desenterrá-lo agora, não devo.

Na verdade, nem sei o que dizia
Numa idade delicada
Em que pouco ou nada escrevia
Mas pela vida já era apaixonada.

Vens-me agora, assim, à memória
Sem que a razão o entenda.
Está bloqueada a minha história
E o destino saiu-se pior que a encomenda.

Deixa-te estar, não te incomodes
Que o que não foi, não teve que ser.
Sê feliz mas não te acomodes
A pouco, se muito puderes ter.

Eu cá sonho, timidamente
E de noite, sem me aperceber
Porque às claras e abertamente
Nem pensar nisso; é para esquecer!

Valha-me a escrita
E quem muito me conheça,
Para entender esta cabecita
E não deixar que esmoreça.

Não busco o impossível.
De facto, não busco nada.
Às recordações sou apenas sensível
E é isso que me trai de madrugada.

Fica o dito pelo não dito
Que mais não quero dizer.
Muitos anos transformaram num mito
Aquilo que não foi, nem virá a ser.


Sofia Cardoso
03 de junho de 2015

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