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A mostrar mensagens de julho, 2015

Espelho meu...

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Não me sai da cabeça uma frase que ontem ouvi numa reportagem televisiva sobre o Japão. A jornalista perguntava a uma portuguesa, emigrada nesse país e casada com um monge budista, o que lhe tinha ensinado o budismo, ao que ela responde, com aquela naturalidade injetada: “a olhar mais para mim e menos para os outros.” Confesso que estas palavras me assustam e as considero cada vez mais perigosas no contexto do lado perverso do mundo atual… Afinal, não é precisamente esta a atitude da maioria das pessoas nos dias de hoje, seja por puro egoísmo intemporal, seja por seguir as correntes zen da moda? E não será precisamente isso que está a pôr cada vez mais em causa valores de sempre, essenciais à vida em sociedade e à harmonia entre os homens, como o respeito, a compreensão, a solidariedade ou a lealdade? É muito positivo, sim, pensarmos em nós, mimarmo-nos, alimentarmos o nosso ego. No entanto, a menos que queiramos ser eremitas ou fazer voto de clausura, não vivemos nunca isolados.

Nó(s) em Festa!

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Dizem que o melhor da festa é esperar por ela… Não neste caso, em que o melhor foi sem dúvida vivê-la. Na verdade, posso assegurar que foi a melhor festa de casamento sem casamento a que alguma vez fui. Vá, sem casamento é como quem diz, porque até cerimónia houve. Qual igreja ou conservatória… Um barquinho no meio da piscina é outra história! De resto, como tão certo diz o Joaquim na sua edição especial, este não é de todo um casamento civil ou religioso é, realmente, muito mais do que isso: é um casamento feliz! Amei esta tão profundamente simples definição. E a felicidade contagia. Estávamos todos tão radiantes… Dos "marujos de barba rija" às "marinheiras boazonas". Verdade, tripulação? Um sentimento genuíno, amadurecido, merece ser comemorado num evento tudo menos aborrecido, porque repetido, daqueles mais do mesmo. Não! Felizmente, os noivos que também são artistas (ah, pois é…!) tiveram olho para a coisa e de uma soma de regras, com a ajuda incansáv

Estrelas

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De madrugada acordei, A cabeça, pela janela enfiei. Uau, que espanto…! Ali renasci d’encanto. O céu de magia estrelado, Como há muito não via. De olhar arregalado, Dormir já não conseguia. De cabeça de fora, Esqueço a hora, Deixando-me ficar Quase sem respirar. Ao longe, o badalar Do rebanho acordado. Permite-me embalar Ao colo do telhado. Dois olhos pacientes Contam 4 estrelas cadentes. Impossível deixá-las fugir Sem 4 desejos pedir. O cenário pintado de paz Pelas mãos de quem partiu Torna o coração incapaz De negar que ali os sentiu. Nisto, uma hora voou E o céu entretanto clareou. Com ele, novo amanhecer, Pronto para viver. Agradeço este bocadinho Por que o sono troquei. Dedico-o, com carinho, Ao Monte que recordarei.     Sofia Cardoso 23 de julho de 2015 http://www.montedamoirana.net/

Solo

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O som do piano sempre me fascinou. É uma das minhas paixões artísticas por explorar cuja chama se reacendeu na passada noite e me deixou a levitar até agora. Quando me sentei, expetante, só na presença daquele fabuloso piano, já me sentia bem, como se à volta não houvesse mais ninguém. Mas quando ele ganhou vida, esqueci-me de onde estava, de quem sou, para onde vou… Nem o comboio me despertou. O sino bem tentou e aí o sorriso rebentou pela forma bem humorada e inteligente como o aproveitou.    Ventava… Todavia, o arrepio que, por várias vezes, me percorreu o corpo todo não era do vento que bem procurou protagonismo em vão, face a tamanho talento. Há “Dias Assim”, carregados de emoções feitas de “Luzes”, refletidas no olhar de quem tudo absorve, por cada poro até à alma. Por diversas vezes, ao longo do espetáculo, desejei ter papel e caneta e pôr tudo, logo ali, por escrito. Como, se não conseguia sequer desviar os olhos? Estática na cadeira, pelas palavras que já me enchi

O Nó

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Há pessoas que se encontram Desconhecendo que se destinam… Meia década foi quanto bastou Para concretizar o que a vida adiou. Ainda jovens, horizontes diferentes; Amigos comuns, sempre presentes. O tempo passou, muito se viveu E por linhas tortas, direito se escreveu. Bendita vida, carregada de imaginação Que transforma dor em realização. Ele, na cidade que era dela também. Ela, na cidade que os veria ir mais além. A distância revelou-se um pormenor Para quem não teme o mundo em redor. O abraço ganhou uma nova dimensão E foi das primeiras magias desta união, Feita de permanentes descobertas De duas mentes completamente abertas. Quando tudo, há muito, fazia sentido, O comandante lançou-se ao mar, destemido. E, insistentemente, navegou, navegou, Por águas que a sua ninfa adiou. O assunto fingiu-se, então, esquecido Mas não exatamente perdido. Uma vida de aventura recheada, Noutro continente partilhada. De lá, chegavam lindos sorrisos

Sozinha, não Só...

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Aparecer sozinha num sítio que há quase 14 anos me via chegar sempre acompanhada, dá um nó, difícil de desatar, na cabeça de muita gente… Não na minha que, felizmente, sempre foi muito independente. Cordão umbilical, só dependi de um e até esse foi cortado há mais de 35 anos. Entro, com a mesma descontração de sempre, sento-me e reparo num par de olhos que me fita e me cumprimenta como se visse um “alien” e, eu, de carne e osso humanos, retribuo com o meu cordial e descomplexado cumprimento, em bom português.   Não me incomoda a eventual estranheza que depreendo daquele olhar, pois possuo uma personalidade prévia a toda a história que através dela vivi. Eu não mudei. Não deixaria de frequentar locais de que sempre gostei e ainda gosto só porque… Sim, apareço sozinha. So what ? Até trouxe caderno e caneta que, de resto, nos últimos tempos andam sempre comigo, e ainda me deram involuntariamente mote para escrever. E, depois, ninguém está só se está bem consigo mesmo e com o

Viver, Sentir, Escrever...

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Quanto mais escrevo, Mais impelida me sinto a escrever, Mais gosto tenho em escrever, Mais liberdade sinto para escrever, Mais urgência tenho de escrever… Se me perguntarem por que escrevo, Não sei bem o que responder. Deve ser algo inato, intrínseco, Uma necessidade que preciso satisfazer. Não gosto de chamar-lhe vício, Porque não é um inimigo a combater. Para quem o faço? Todos quantos me queiram ler. Mas, antes, só porque sinto, E em manifestá-lo, experimento prazer. São as palavras que me encontram E insistem no papel aparecer. Leva tempo, nem sempre é fácil. Não é automático, nem basta querer. A intenção é só o primeiro passo, De um longo a caminho a percorrer. Curiosamente, é uma defesa, Apesar do que a leitura deixe entender. A expressão também liberta E a exposição, pormenor a não temer. A abertura não assiste a todos, Digna de quem, a ninguém, tem a dever. E, assim, basicamente, Escrever é como viver.  

Distância(mento)

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Distância e distanciamento são conceitos bem distantes, porque distintos. Sinónimos erróneos, basicamente. Há pessoas que estão mesmo ali ao lado e que distam milhas de importância de nós. E depois há outras, que estão fisicamente a km de distância mas sempre no nosso coração, consciência e pensamento. À distância não vence o esquecimento. Já o distanciamento dá margem à ignorância. A distância não depende necessariamente da vontade, ao contrário do distanciamento, que é intencional. Quando entendemos, distanciamo-nos de quem queremos ver à distância. Digamos que a distância se mede em metros ou km e o distanciamento se mede em sentimentos: receio, incómodo, insegurança… Podemos estar distantes, à distância da saudade, ou distantes, lado a lado, com a indiferença. Seguramente, prefiro a distância que aproxima aqueles que, estando longe, fazem de tudo para marcar presença, do que o distanciamento que, cara a cara, faz os presentes estarem cada um na sua. Porque o que un

No kiss

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Desapareceu o beijo. Foi-se, não o vejo. Deixou os meus lábios Que se achavam sábios. Nem sequer o procuro. Ergueu-se um muro, Que não me apetece subir. Prefiro, antes, sorrir. Um beijo exige entrega E, por agora, estou cega. À volta, nada vejo, Nem tão pouco desejo. Muito menos o lamento. Estar só não é tormento. É uma aprendizagem, De muitas, desta viagem. Não o vou roubar, Nem a sua falta chorar. Um dia que apareça, Talvez me apeteça. Até lá, há caminho E outras formas de carinho. Quem agora o tem, Que o goze muito bem. Diante deste mar, Não me ouso queixar. Sinto-me muito amada, Mesmo sem ser beijada. Sofia Cardoso 06 de julho de 2015

Obrigada!!!

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Sabia que este dia chegaria e, inclusivamente, imaginei muitas vezes como seria. Ao longo dos últimos anos, enquanto os outros aplaudia, pensava sempre: “qualquer dia, és tu…” Pois, o “qualquer dia" chegou. É o hoje e o agora e, por mais que não goste de despedidas, esta não tem fuga possível, nem tão pouco a posso contornar, sem nada dizer, como habitualmente costumo fazer. Sendo assim, resta-me encarar e aguentar-me e fazer esta viagem até ao fim. Ainda ontem eras uma bebé de 9 meses, alegremente sentada no carrinho, alheia à cerimónia de lançamento da 1.ª pedra, lado a lado com o buraco na terra onde se iniciariam os alicerces da tua educação. Daí até à inauguração, foi um saltinho e ali estavas tu, inesperada e privilegiadamente, ao colinho. Um “senhor colinho” que te ergueu do chão para que, com ele, cortasses a fita inaugural. E eis que uma viagem emocionante, magnífica e relaxante, que pareceu fluir lentamente num lindo balão de ar quente, parece agora ter deco