Espelho meu...
Não me sai da cabeça uma frase que ontem ouvi numa reportagem televisiva sobre o Japão. A jornalista perguntava a uma portuguesa, emigrada nesse país e casada com um monge budista, o que lhe tinha ensinado o budismo, ao que ela responde, com aquela naturalidade injetada: “a olhar mais para mim e menos para os outros.” Confesso que estas palavras me assustam e as considero cada vez mais perigosas no contexto do lado perverso do mundo atual… Afinal, não é precisamente esta a atitude da maioria das pessoas nos dias de hoje, seja por puro egoísmo intemporal, seja por seguir as correntes zen da moda? E não será precisamente isso que está a pôr cada vez mais em causa valores de sempre, essenciais à vida em sociedade e à harmonia entre os homens, como o respeito, a compreensão, a solidariedade ou a lealdade? É muito positivo, sim, pensarmos em nós, mimarmo-nos, alimentarmos o nosso ego. No entanto, a menos que queiramos ser eremitas ou fazer voto de clausura, não vivemos nunca isolados.