Solo
O som do piano sempre me fascinou. É uma das minhas paixões artísticas
por explorar cuja chama se reacendeu na passada noite e me deixou a levitar até
agora.
Quando me sentei, expetante, só na presença daquele fabuloso piano, já me
sentia bem, como se à volta não houvesse mais ninguém. Mas quando ele ganhou
vida, esqueci-me de onde estava, de quem sou, para onde vou… Nem o comboio me
despertou. O sino bem tentou e aí o sorriso rebentou pela forma bem humorada e inteligente
como o aproveitou.
Ventava… Todavia, o arrepio que, por várias vezes, me percorreu o corpo
todo não era do vento que bem procurou protagonismo em vão, face a tamanho
talento.
Há “Dias Assim”, carregados de emoções feitas de “Luzes”,
refletidas no olhar de quem tudo absorve, por cada poro até à alma.
Por diversas vezes, ao longo do espetáculo, desejei ter papel e caneta e
pôr tudo, logo ali, por escrito. Como, se não conseguia sequer desviar os
olhos?
Estática na cadeira, pelas palavras que já me enchiam a mente, viajei. Voei
à boleia das notas e até ao céu cheguei. Aí, chorei. A belíssima harmonia da “Família”
em melodia e depois a aparição do céu tão imenso, onde paira o meu pai que adoraria
estar sentado ali comigo e, algures sorri, eu sei…
A memória… A riqueza das recordações que gera a saudade. Num misto de dor,
abafada pela “Fé” que, na magia deste enquadramento, transmite instantânea
tranquilidade.
É “Para Ti” que escrevo. “Porque não?”, se é de ti que vem
tanta comoção, num “D-Day” para ter “Presente No Futuro” e no
coração.
Quando me voltar a sentar à beira mar, a espuma das ondas, em “Flocos”
vou poder com a imaginação transformar, fazendo do horizonte também a minha “Techno
Line”, continuando apaixonada pela vida, consciente que o tempo se pode
resumir a um “T2” mas, implacável, não espera e há que fazer boas e
atempadas escolhas, pois a sombra dos “13” ronda à nossa volta,
implacável, à solta…
Não tenho uma “Clarinha” porque a minha inspiração vem de tudo e
de quantos façam bater mais forte um coração que no “Carnegie Hall” explodiria
de satisfação.
Era noutro palácio que estava, com a vantagem da naturalidade que o ar
livre rouba ao direito de os colocar em pé de “Igualdade”…
É, ainda, ao som deste “Solo” que escrevo, sem estruturar muito,
deixando-me levar, ao mesmo tempo que me apercebo, com orgulho e alegria, que
definitivamente não vivo para colecionar coisas mas antes para saborear e guardar
para sempre momentos tão sublimes como este que provam que a magia existe.
Sofia Cardoso
19 de julho de 2015
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