Sozinha, não Só...
Aparecer sozinha num sítio que há quase 14 anos
me via chegar sempre acompanhada, dá um nó, difícil de desatar, na cabeça de
muita gente…
Não na minha que, felizmente, sempre foi muito
independente. Cordão umbilical, só dependi de um e até esse foi cortado há mais de 35
anos.
Entro, com a mesma descontração de sempre, sento-me
e reparo num par de olhos que me fita e me cumprimenta como se visse um “alien”
e, eu, de carne e osso humanos, retribuo com o meu cordial e descomplexado
cumprimento, em bom português.
Não me incomoda a eventual estranheza que
depreendo daquele olhar, pois possuo uma personalidade prévia a toda a história
que através dela vivi.
Eu não mudei. Não deixaria de frequentar locais
de que sempre gostei e ainda gosto só porque…
Sim, apareço sozinha. So what? Até trouxe
caderno e caneta que, de resto, nos últimos tempos andam sempre comigo, e ainda
me deram involuntariamente mote para escrever.
E, depois, ninguém está só se está bem consigo
mesmo e com o resto do mundo.
Nisto, comi e bebi qualquer coisa, que se
calhar até já digeri, enquanto quem me olhou de forma interrogatória, talvez
tenha ficado a digerir a minha história.
É assim, em terras pequenas e, convivendo com
essa mentalidade, aprende-se a desvalorizar o que se diz ou pensa à nossa
volta. Who cares?
Quem vive de forma transparente, segura de si,
não se preocupa com o que o ilustre conhecido desconhecido pensa.
O mundo dá voltas, mesmo quando nós próprios
estamos parados e, às vezes, leva-nos, impotentes, às cambalhotas,
desgovernados, até nos vermos, finalmente, parados.
E aí, seguimos caminho sem, no entanto,
ficarmos desmemoriados.
O passado existiu, não foi apagado e faz parte
do que somos hoje, apesar do futuro esperar por nós, como sempre fomos e não
nos exigir que a nossa forma de ser e de estar mudemos, ainda que,
necessariamente, nos adaptemos.
Sofia
Cardoso
13 de julho de 2015
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