Déjà vu
Sei, no essencial, exatamente o que de ti herdei
e, tirando a cabeleira forte, farta e (ainda não mas de futuro garantidamente)
grisalha, o que passou para mim tem muito mais a ver com o interior do que com
o exterior, com a forma de sentir, de amuar e de fugir para dentro, do que com
gestos ou características físicas.
E depois também o prazer nos petiscos, o gosto
pelo piano, por ópera, pelo clássico, pela arte em geral, deixando de parte a
literatura, mérito, entre outros, dos genes maternais.
Só que hoje tive um déjà vu como nunca tinha tido, com que me impressionei como não me tinha impressionado com outras
semelhanças ou lembranças até aqui e que ficou cá dentro, a fervilhar, até me
obrigar a vir aqui dá-lo a conhecer, mesmo não tendo a certeza de o conseguir
descrever.
Basicamente, atirada para um pufe, recuperando
da dádiva de sangue que fiz hoje, (e aqui, zero semelhanças contigo que eras “caguinchas”
para caramba em matéria de hospitais…) a propósito de qualquer comentário que
ouvi na televisão, sai-me uma boca irónica/seca mas pretendendo ter graça, sorrio do que eu mesma disse, sem pensar, enquanto
automaticamente fecho os olhos, me recosto, colocando o pulso na testa.
E foi só isto que disparou na minha cabeça como
um flash daqueles que nos transportam no tempo a uma imagem que tão bem
conhecemos.
Não sei se é a saudade que me faz imaginar
coisas ou se realmente este meu gesto era uma réplica de ti, mas que naquele
instante te vi a ti, vi…!
Sofia
Cardoso
12 de agosto de 2015
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