Tronco
A quantidade de histórias que contaria, se de uma boca se tratasse… A quantidade de fotos que eternizaria, se fosse uma lente
de uma máquina fotográfica… A quantidade de sons que reproduziria, se tivesse
as capacidades de um altifalante…
Contudo, não é uma boca, nem uma lente
fotográfica e muito menos um altifalante. Qual “Big Brother” enraizado na
terra, silencioso espectador da natureza humana, é muito superior a tudo isso.
Desconheço-lhe a idade mas é intemporal no meu
próprio tempo. Viu-me bebé, criança, adolescente, adulta e vai, muito
provavelmente, ver-me envelhecer e sobreviver-me. Como eu, tantos que eu
conheço e milhares de desconhecidos mais.
Um exemplar perfeito do estoicismo da natureza,
face à imperfeição exemplar do exibicionismo do homem que se pavoneia, todos os
verões, diante de si e o deixa quase só, todos os invernos.
De tudo um pouco Já deve ter visto e ouvido por
aqui e ainda assim não se pronuncia. Limita-se a crescer, a embelezar a
paisagem, a todos, na sua sombra, acolher.
Passa do extremo, da maior das confusões, ao
extremo oposto, da maior das solidões. E assim vê passar os anos, multiplicar as
gerações. Sem queixumes, críticas ou desilusões.
Talvez, por isso, dure mais do que todos nós.
Vive apenas da chuva, do sol, e da paz que o rodeia e tudo o resto tanto lhe
faz.
Sofia
Cardoso
16 de agosto de 2015
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