11 de setembro

Não preciso de voltar às imagens que marcaram este dia para sempre, para recordar sempre este dia. Esta data ficou definitivamente registada como uma tatuagem na memória. Na minha e na da Humanidade. De tal forma, que me lembro exatamente por onde andei e o que fiz naquele dia. E, como eu, milhões de pessoas por todo o mundo…
Vinha do Algarve, regressando de umas férias que marcaram uma transição na minha vida, ironicamente, há 14 anos. Catorze… Um número que era mágico e deixou de o ser antes de atingidos os ditos…
Enfim, vinha em viagem, alegremente e de carro, quando comecei a ouvir as primeiras notícias na rádio. Sem perceber muito bem, porque eram ainda escassas as informações que chegavam, não valorizei imediatamente.
Chegada a Lisboa, fui direta à faculdade, penso que por causa da matrícula para o 5.º e último ano do curso, e aí os rumores ganharam nova força e geraram uma crescente preocupação, aumentando a suspeita de que não se teria tratado apenas de um acidente de aviação.
Tenho uma vaga ideia de estar na biblioteca da FDL, a consultar a internet e de ter sentido uma certa angústia. Nada comparado com o aperto que me cortou a respiração assim que cheguei a casa e me deparei com as imagens de última hora na televisão.
O choque inicial da certeza de atentado, associado à visão, em direto, do embate do segundo avião na torre gémea da primeira, deu lugar à maior sensação de terror que alguma vez senti. Não parecia real, quanto mais possível... Ainda hoje custa a acreditar, apesar da nua e crua verdade de tudo o que se seguiu… 
A imagem dos papéis saídos automaticamente da torre em voo planado foi rápida e drasticamente substituída pela imagem de pessoas desesperadamente em queda livre e ………….................. voluntária …………………….....


Esta é a parte que não tem descrição, comentário, sentimento à altura. A parte apenas digna de um profundo e constrangedor silêncio ……………..........
Que não dura um minuto… Durará o que durar a recordação desta imagem que ainda hoje me aperta o peito e me traz as lágrimas aos olhos...
Se te revês nestas palavras e refletes todos os anos, como eu, sobre como este dia foi possível, imagina quem neste dia quase tudo perdeu, quem o viveu e como o descreveria, se pudesse, quem nele, de facto, se perdeu…
E parece que perdidos, continuamos todos… A Humanidade não aprende rigorosamente nada com a História. Persiste em engrandecer a má memória…  
Sofia Cardoso
11 de setembro de 2015

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