Simples detalhes

Num mundo de trivialidades, onde cada vez mais a superficialidade e o egoísmo atropelam valores fundamentais e relações humanas carentes deles, aprende-se à força a distinguir o trigo do joio, a não criar expectativas em relação a nada nem ninguém e a criar defesas contra a toxicidade de alguns ambientes e pessoas de que procuramos manter a devida distância.
Ao mesmo tempo, quanto menos se espera, mais valor se dá ao que se recebe, inesperadamente. Não é conversa fiada, aquela que defende que devemos olhar aos pormenores, diariamente. Simples detalhes que nos fazem ganhar o dia, que provam que a nossa simples existência é importante de alguma forma para alguém, que nos fazem sorrir e sentir bem. (E se o mundo precisa de sorrir…!)
Existem aqueles cujo sorriso vive na sombra de mágoas, invejas, mesquinhices. E depois existem aqueles que vivem de sorriso aberto no rosto, iluminando tudo e todos, à transparência por nada esconderem, temerem ou deverem.
A discrição, o silêncio, a contenção tornam-se armas que aprendemos a usar para nossa proteção e com elas acabamos por criar uma espécie de perímetro de segurança à nossa volta, só trespassado por aqueles que ainda acreditamos serem de verdade. E para se ser de verdade basta ter a capacidade de dizer, sem medos, aquilo que se sente, desinteressada e espontaneamente.
Um abraço inesperado, bem apertado, com um «gosto muito, muito, de ti» ao ouvido sussurrado, é um excelente pormenor para terminar um dia agitado e deixar-nos com um sorriso de esperança num futuro renovado.  


Sofia Cardoso
07 de abril de 2016

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