Até sempre...!

Depois de um dia como o de ontem, fico sempre num reboliço interior. E o que faço para sossegar? Escrevo, naturalmente.
Voltei àquela casa, a convite, supostamente apenas por seis meses, seis anos depois da primeira experiência por lá. Fiquei cinco anos…
Cinco anos muito cheios, muito emotivos, onde houve de tudo um pouco: riso, choro, união, desilusão… Onde fiz um pouco de tudo: fui apoio das colegas e seus alunos, prestei alguns serviços administrativos pontuais, vigiei recreios, dei aulas de Expressão Plástica, fui revisora, jornalista, conselheira, cenógrafa… Onde recebi de tudo: carinho, compreensão, amizade, chamadas de atenção, elogios e uma ou outra lição.
Nem sempre foi fácil ou mesmo gratificante porque é complicado o meio da educação.
Sempre disse aos meus alunos que os tratava como meus filhos. Ora, se nem sempre é simples ser mãe das minhas próprias filhas, em quem invisto tudo, dia após dia, e mesmo assim enfrento obstáculos e sou constantemente testada, mais difícil se torna ensinar/educar sobre educação dada por outrem e todos os miúdos têm as suas particularidades e o seu contexto de vida, como de resto todos nós.
Foi, sim, sempre desafiante, imprevisível, emocionante. Nenhum dia foi igual a outro e, para além de se ensinar ou, em segunda linha, educar, também muito se aprende com os miúdos. O que têm de melhor é, sem dúvida, a sua espontaneidade. O que mais nos dificulta a tarefa é, muitas vezes, a sua impulsividade.
Fui muito mimada e também muito testada. Fui muito companheira e também muito “pouco porreira”. Fui muito compreensiva e também muito incisiva. Fui muito paciente e também muito impaciente. Tudo a seu tempo, atendendo às circunstâncias e procurando dar o meu melhor para fazer o melhor deles.
Devo ter acertado muitas vezes e falhado outras tantas porque não sou perfeita. Como toda a gente, tive dias maus e fui trabalhar (quase) sempre de sorriso no rosto. E quando estava mais triste, e eles percebiam mesmo sem querer porque sou transparente, procurava alento nos seus sorrisos que nunca me faltaram.
Ontem fechou-se um ciclo e creio que da melhor maneira e na melhor altura. Muito mais do que qualquer presente que tenha recebido, levo no coração todas as emoções e recordações que estes anos me proporcionaram e, no fim, as palavras de reconhecimento que tanto me emocionaram e que outro tanto compensaram.
Sinto-me muito grata por tudo o que com a equipa, com os pais e, acima de tudo, com as crianças, vivi, ganhei, aprendi e partilhei. Desejo a todos o melhor e, em particular aos mais pequenos que por mim passaram, sobretudo que deem sempre o melhor de si.
Eu estarei por aqui…


Sofia Cardoso
02 de julho de 2016

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