(Sobre)viver no Algarve em agosto

É sabido e inegável que o Algarve é uma confusão em agosto. Só que para muitos é também difícil ou impossível sair dele, uma vez que aí residem e trabalham.
Entendo, na pele, o que isso implica e, para não me limitar a queixar-me como toda a gente, arranjei os meus próprios escapes.
Assim, o maior e mais simples segredo é: se não os podemos vencer… Evitemo-los!
Comecemos, então, pelas necessidades elementares: comer e dormir.
Para ter a casa provida de tudo o que precisamos, o melhor é fazer umas compras alargadas, qual formiga em versão verão, e encher a despensa. Nesse sentido, obviamente temos que enfrentar aquela temível fera que nesta altura engole dezenas de pessoas de uma só vez, mais conhecida por supermercado (ou se for mesmo um monstro, hipermercado). O meu conselho: hora de abertura (ao sábado, se o horário de trabalho não o permitir durante a semana).
Depois, temos a questão do conseguir dormir. Se morarmos num local especialmente concorrido e propenso a barulho noturno, sugiro a TV ligada até adormecer (algumas até desligam automaticamente por inação ou podem ser programadas para tal). Se preferirem, uma música suave também é boa ideia. Ainda assim, se o desespero for muito… Tampões nos ouvidos! (Nunca precisei).
Bem, se tivermos mantimentos e conseguirmos dormir, já é meio caminho andado para nos aguentarmos este mês.
Se quisermos ir mais longe e gozar de alguns privilégios, não desconsideremos a praia ou uma ida a um restaurante. Como? Fácil. Tendo carro e um horário decente, é deixar logo de manhã no carro o que precisamos e depois sair do emprego diretamente para a praia. Se for fim-de-semana, mais motivos teremos para ir só ao fim do dia. A maioria das pessoas já estará “no vir” e nós ainda “no ir”. E se, mesmo chegando quase às 18h, ainda estiver muita gente (nunca está) é só andar uns metros para a esquerda ou para a direita da área concessionada (faz-nos bem o exercício, especialmente se gostarmos de Bolas de Berlim…) e teremos de certeza todo o espaço e sossego de que precisamos. (Com km de areal, não há realmente necessidade de ficar em cima de ninguém!)
Toalha estendida, aconselho a desfrutar, pelo menos, até ao pôr-do-sol. Os outros (os de fora) já se foram, stressados para arranjar mesa no restaurante X, Y ou Z e nós ajeitamos qualquer coisa prática quando chegarmos a casa e não temos pressa para ir tomar duche e escolher o modelito para o jantar.
De qualquer forma, como também somos filhos de Deus, se não nos apetecer pensar em nada e tivermos uns trocos no bolso, podemos sempre comer qualquer coisa rápida algures no caminho para casa.
Querendo ir ainda mais longe e darmo-nos ao luxo de jantar num bom restaurante, sem problema. É só optar por um daqueles que reservam mesa e marcar com a devida antecedência. Filas é que não!
Por falar em filas, no que toca ao trânsito, evitem a estrada nacional e sejam particularmente pacientes. Se possível, optem por andar a pé em curtas deslocações.
Resumindo, façam o que fizerem, sobretudo não se enervem ou se queixem porque enervados já vêm muitos dos que estão de férias e não podemos deixar de reconhecer que este paraíso, suas praias e restaurantes são todos nossos nos restantes onze meses do ano.
E sabem de onde vem a inspiração para este texto? Do facto de hoje ser aquele dia horrendo em matéria de multidões, chamado domingo e serem 19h30m e eu estar sossegadinha a escrever, na praia, onde cheguei pelas 17h30m, onde ainda tenciono ler até o sol desaparecer e neste momento estar a ficar cada vez mais isolada porque estão (quase) todos em debandada.
Já não está um calor insuportável, só oiço o mar e é verdadeiramente agradável.
E quando o sol se puser, lá para as 20h30m, eu regressarei calmamente, a minha casa, a escassos 15min de carro, tomarei um duche sem pressa, comerei qualquer coisa com mais tempo ainda e deitar-me-ei relaxada, prontinha para o que a semana trouxer.
Quanto melhor aproveitar estes dias, mesmo estando a trabalhar, mais depressa o tempo vai passar e, quando der por mim, está o nosso querido mês de agosto a terminar. 

   
Sofia Cardoso
07 de agosto de 2016

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