Old Story
Recuo quase duas décadas até ti, parecendo-me quase impossível que tenham
passado estes anos todos desta recordação incontornável…
Lembro-me muito mais de sentimentos do que de factos ou momentos e a
sensação que persiste é sempre tão agradável…
De todas as pequenas (sempre grandes) paixões que vivi, esta foi sem
dúvida a que maior sintonia revelou e a que mais me surpreendeu e realizou
porque foi tudo inesperadamente tão bem gozado…
Não te procurei, encontraste-me, ou encontrámo-nos, num caminho com pouco
em comum. O essencial, na altura. E nunca uma atração foi tão bem
correspondida, porque mutuamente quase imediata, sem que tivesse sido preciso
ponderar antes ou questionar depois.
Só lamento não me lembrar dos pormenores, aqueles pequenos nadas que
revelam a outra parte de tudo o que realmente foi. O primeiro beijo que me
deste, por exemplo, esfumou-se… Mas não a primeira vez que me abraçaste porque
foi aí que tudo começou. Naquele instante, o tempo parou. Daí em diante,
infelizmente, voou…
Foram dias vividos de coração cheio, de espírito leve, de sorriso
brilhante.
Na verdade, toda eu andava radiante…! Tudo parecia tão mais colorido aos
meus olhos transparentes de emoção.
Não foi um bonito e longo amor. Foi uma linda e efémera paixão que
sucumbiu sob a força de uma ilusão.
Não recordo exatamente quanto tempo durou, nem interessa pois, o bem que
me fez, foi o que ficou. E acabou tão repentinamente como começou. Só porque
sim ou porque não estava destinado que seguisse adiante ou simplesmente porque
havia algo a mais de que não te soubeste libertar. Azar o teu ou o meu e sorte de
ambos pela oportunidade irremediavelmente fascinante.
Quando, onde e em que circunstâncias nos vimos ao vivo e a cores pela
última vez? Também não me lembro. Só sei que ainda me vens à memória aqui e
ali. Por isso, inegavelmente, escrevo sobre ti.
Porquê agora? Também ainda não percebi… Talvez apenas saudades de um
tempo que não esqueci.
Sofia Cardoso
08 de janeiro de 2017
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