Em construção...
Nunca dês por garantido o “felizes para sempre” ou sequer o futuro
partilhado com a pessoa com quem estás… A felicidade a dois não é um dado adquirido
do amor recíproco ou um mero resultado matemático de um mais um. Não te
acomodes, nem te resignes! Por outras palavras, não deixes de te entregar mas
também não te anules!
Cada uma das pessoas numa relação tem uma individualidade própria e
prévia à mesma que precisa de ser respeitada e, sobretudo, não adulterada, e é
justamente aqui que surgem as dificuldades. O sucesso de uma união exige muito
mais do que adaptação ou poder de encaixe… Exige, acima de tudo, respeito e
liberdade. Respeito pelo que se é por si e já se era sozinho e liberdade para o
que se quer continuar a ser por si e na relação com os outros.
Acredito que seja possível dar o
que temos de melhor sem abdicar do que somos de melhor mas é difícil… Porque é
complexo deixamos de pensar no singular para passarmos a viver no plural e é
preciso, dia após dia, aprender a conjugar cada uma das nossas ações em
conjunto, sem ignorar o que nos caracteriza individualmente. Aprender, sim, porque
não é um processo automático ou instantâneo. Implica observação, descoberta e
compreensão, desafios que a razão coloca à paixão.
E depois há a rotina, aquele obstáculo disfarçado de sensação de que se
tem tudo controlado que torna a vivência tão mecânica que deixa os sonhos de
lado.
Não somos peças de um puzzle, concebidas para um único, perfeito e definitivo
encaixe. Somos mais peças de Lego à procura da construção mais resistente e
isso pressupõe imaginação, tempo, dedicação… Por alguma razão estas não se
moldam mas também não quebram. Nunca deixam de ser o que são mas da sua união
resultam milhares de possibilidades de realização.
Não sou dona da verdade ou do segredo para o sucesso e de todo sou
exemplo… Tenho e partilho apenas a convicção, em experiência baseada em erros
de avaliação, de cálculo, de ação ou omissão, de que, sejamos feitos de que matéria
for, amando ou não, temos que ousar, criar, reinventar, admirar, respeitar,
recomeçar, sonhar, lutar, diariamente, para fazer da nossa vida uma obra de
arte em permanente edificação.
Sofia Cardoso
21 de maio de 2017
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