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A mostrar mensagens de julho, 2017

Retrospetiva

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As emoções nem sempre são boas conselheiras. Roubam-nos, muitas vezes, o discernimento. Só porque, mesmo sem querer, caímos na asneira de não parar para as gozar, sem questionar, sem exigir, sem nada esperar... É preciso algum distanciamento para, olhando os momentos em retrospetiva, refletirmos e nos darmos conta disso. Por mais louvável, porque genuína, que seja a sensibilidade, ela não devia deixar-se atropelar pela impulsividade, por mais que esta teime em pisar o risco da velocidade. Sentir a vida à flor da pele, no pressuposto de que esta pode acabar amanhã, é um erro sobejamente repetido. Devíamos esforçar-nos por aproveitar o agora, tão-só, sem receios, expectativas ou anseios. O tempo é precioso e impiedoso, sim, mas é precisamente por isso que tem que ser respeitado, saboreado e não apressado. Sentir e saber expressar, sem receios, o que se sente será sempre uma qualidade maior desde que não se descure a capacidade de ponderar, de saber esperar, de ter noção de que

Em segredo...

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Inadvertidamente guiada até um compartimento frio e sombrio, viu a porta fechar-se atrás de si, trancar-se, aprisionando-a ao desalento. Ali ficou, tempo demais, se não resignada, calada, cansada, desligada, quase congelada... Até ouvir, do outro lado, a tua voz, familiar, forte, diferente, segura, meiga, num tom convincente. Que, furtiva e inesperadamente, percorreu a fechadura, despertando-a, aquecendo-a lentamente, fazendo-a acreditar novamente. Ouviu, respondeu, quis soltar-se para ir ao teu encontro, sem porquês nem senãos, só guiada por aquela estranha mas arrebatadora emoção. (Se verdadeira, porque não?) Apercebeu-se, então, que não tinha a chave para se libertar e aos poucos começou a gritar, revelando sem querer a vontade de se salvar. Não era tarde, ainda podia tentar e esperou ansiosamente que a viesses destrancar. Porque o segredo és tu (e até aqui só tu) que o tens. Não sabes como, nem ela o desejou.  Pensa: a vida deu-te a chave para quê? Abre os olhos,