Retrospetiva
As emoções nem sempre são boas conselheiras.
Roubam-nos, muitas vezes, o discernimento. Só porque, mesmo sem querer, caímos
na asneira de não parar para as gozar, sem questionar, sem exigir, sem nada
esperar...
É preciso algum distanciamento para, olhando os
momentos em retrospetiva, refletirmos e nos darmos conta disso.
Por mais louvável, porque genuína, que seja a
sensibilidade, ela não devia deixar-se atropelar pela impulsividade, por mais
que esta teime em pisar o risco da velocidade.
Sentir a vida à flor da pele, no pressuposto de
que esta pode acabar amanhã, é um erro sobejamente repetido. Devíamos
esforçar-nos por aproveitar o agora, tão-só, sem receios, expectativas ou
anseios.
O tempo é precioso e impiedoso, sim, mas é precisamente por
isso que tem que ser respeitado, saboreado e não apressado.
Sentir e saber expressar, sem receios, o que se
sente será sempre uma qualidade maior desde que não se descure a capacidade de
ponderar, de saber esperar, de ter noção de que há "timings" para
tudo, em respeito por nós e pelos outros, porque nisto das emoções raramente
estamos sós.
Não basta saber escolher um bom vinho e abrir a
garrafa. É preciso deixá-lo respirar para o podermos provar. Sem sede que
nos seque o momento. Só pelo prazer de o degustar...
Sofia Cardoso
29 de julho de 2017
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