O que é feito do Amor?
Não aprendi muito desde a última vez que
escrevi sobre o Amor. Acho que cada vez percebo menos do assunto, já o disse e continuo
a assumir. Mas pelo menos ainda me questiono, não insistindo ainda que sem
desistir.
Diz-se que “cada panela tem a sua tampa”… Então
e aquelas pessoas que estão mais para tupperwares? (Toda a gente sabe a
dificuldade que existe em encontrar as respetivas…)
Sim, estou a ironizar ou só a tentar ter piada
mas, vá lá, como se pode falar e pensar seriamente no assunto numa sociedade
que parece banalizá-lo cada vez mais, ridicularizá-lo até? Ele é aplicações,
programas de TV e sei lá mais o quê na tentativa (desesperada) de encontrar o/a
tal, que a mim me salta cada vez mais a tampa (que não tenho!)
O que é feito do Amor natural, espontâneo,
puro, sincero? Os cupidos devem estar todos de greve ou deixaram mesmo de
exercer face a esta palhaçada crescente do “self-made love” ou lá o que a isto
se possa chamar.
Aliás… Amor?! Arranjar um parceiro à força? Isso
não é querer amar. É tão simplesmente não querer estar só. E uma relação será muito
mais do que o mero preenchimento de um vazio. Será (ou deveria ser) a partilha
de um coração cheio. De sentimento(s), de desejo(s), de ideais, de Valores, de
sonhos…
Imagino que o “match made in heaven” não esteja
ao alcance de todos. Que nem todos o mereçam. Que nem todos façam por isso… Nem
sei quais os pressupostos para que haja pessoas aparentemente destinadas à vida
umas das outras e outras destinadas a ficar sozinhas. Será uma escolha? Ou estará
verdadeiramente tudo “escrito”?
Às vezes não é à primeira mas à segunda ou
mesmo à terceira mas é-o para sempre. Às vezes “tarde”, outras, desde tenra
idade.
O que define a “sorte” de cada um? Como saber o
que nos espera? Ou SE nos espera?
Entre acreditar e esperar ou desesperar a
procurar, definitivamente, apenas deixar-me estar.
Porque o banal não me serve. Porque me recuso a
ser “só mais uma”. Porque “a troca fácil até acertar” ou o “experimentar para
ver se dá” não me convence. Porque tudo o que é forçado só pode acabar
fracassado. Porque realmente mais vale só do que precariamente acompanhado.
Há quem me julgue demasiado exigente… Não me
importo. Se ser exigente é ser-se apenas fiel ao que se sente ou não se sente e
por isso ser-se ou sentir-se diferente de quem se entrega sem critério ou de
quem vive eternamente uma relação sem um pingo de emoção.
Não, o morno não me aquece, o mais ou menos não
me acrescenta. Só o inesperado, o espontâneo, o pleno, o arrebatador, tudo isto
a dois e em simultâneo, será (eventualmente) isso a que chamam de Amor.
Sofia Cardoso
24 de março de 2019
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