Quem espera...
Sala de espera do dentista. À minha direita, uma senhora rói as unhas. (Sintomático). À minha esquerda, uma rapariga distrai-se com um qualquer jogo de cartas no telemóvel. À minha frente, o balcão da rececionista onde acaba de chegar um pai com uma criança que vem de telemóvel numa mão e de livro na outra. Ao fundo, duas ou três vozes que trocam ideias na típica pronúncia da cidade algarvia em que me encontro. Ao longe, a voz do doutor, cujo rosto ainda não conheço, que se ocupa de quem inevitavelmente permanece em silêncio, alheio ao que se passa aqui fora, a quem espera. O telemóvel da dita criança estaciona na cadeira ao meu lado para ser ligado à tomada mais próxima. Com ele, o livro do pai da criança que aproveitou para ir ao WC e que, ao regressar, destrona o aparelho, colocando-o no chão, e abre o livro na primeira página. Não consegui ler o título ou reconhecer a capa mas é de Domingos Amaral e tem um número de páginas considerável. Lembro-me que também vim de l