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A mostrar mensagens de setembro, 2015

Champagnat

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Lembro-me do primeiro dia de aulas (de entrar na escola, do meu lugar junto à janela na direção da porta e do meu dossiê A5 todo aos quadradinhos…) Lembro-me da Milu (de entrar, sorrateira, pela sala e tantas vezes se aninhar aos nossos pés, algo impensável para muitos pais, lamentavelmente, nos dias de hoje…) Lembro-me de ficar radiante com os carimbos e os “calquitos” com que a Mariete premiava os meus trabalhos (para os miúdos de agora: “calquitos” são uns “stickers” que não se colavam, estampavam-se, quando riscados com caneta…) Lembro-me de aprender o alfabeto e, mais tarde, de rezar para não ir ao quadro resolver problemas com divisões(sempre as letras…) Lembro-me de adorar pintar as capas que, depois de enfiadas em argolas, serviam para arquivar (não me lembro se trabalhos, se os testes…) Lembro-me de quão íngremes eram as escadas que tínhamos que descer para vir ao recreio (consigo ver-me a descê-las a correr…) Lembro-me de dar voltas à palmeira em frente ao refeit

Tempo de recriar o tempo

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Precisava de mais tempo… Uma casa, duas filhas cento e onze alunos, sessenta km por dia e vários hobbies com que me entreter exigem um pouco de uma pessoa só. Por aqui multiplica-se tudo a olhos vistos: a roupa para lavar/passar, a lista de supermercado, refeições para preparar, o pó (e os espirros!) para limpar, respostas para todas as solicitações/necessidades das miúdas e mimos que merecem, burocracias e obrigações a todos os níveis, trabalhos da escola para planear, km para circular, textos para escrever, livros para ler… Tudo menos o tempo que, haja o que houver, me confina o dia a 24 mínimas horas. E o mais engraçado é que há um ponto comum a tanta responsabilidade: a criatividade. Basicamente, preciso dela para quase tudo: para programar a ementa semanal, para fugir da rotina nos tempos livres das minhas M&Ms, para as ideias a concretizar com os meus alunos e para me dedicar ao meu hobby principal: este. Isto implica que a cabecinha esteja sempre a trabalhar, a

What if...?

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Questiono-me muitas vezes se será que, de onde estiveres, se estiveres, me vês… Nos dias (poucos, felizmente!) em que me vou mesmo abaixo e estou mesmo triste, quando penso que a resposta a essa questão pode ser positiva, passo da tristeza à revolta numa fração de segundo e só me apetece partir a loiça toda e confrontar-Vos aos dois, a ti e a Ele. Que raio de proteção é essa aí de cima, em que cresci crendo, que não envia sinal de mudança? Gosto de vos imaginar juntos, ainda que não entenda os vossos motivos, nem onde me estão a levar. A verdade é que há muito que deixei de ver pegadas na areia e não me sinto nada levada ao colo…! Continuo, sim, impelida por mim, rumando sei lá para onde, no barquinho que encontrei para sair da praia onde me vi estendida, depois de tempos tempestuosos em mar alto e revolto. Remo sozinha por três, numa embarcação que de motor só mesmo o coração e aguardo que daí me soprem ventos favoráveis. Faço o que posso o melhor que consigo, exatamente

Sofesapp

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Nos dias tecnologicamente loucos de hoje, tens a certeza que uma amiga realmente te valoriza quando……………… Te diz que deveria ser possível “minimizar-te” para andares no bolso…! Ah, ah, ah, ah! Já me compararam de forma lisonjeira a muita coisa mas transformar-me numa qualquer aplicação para ter sempre à mão é uma inovação muito à frente, até para mim! Na verdade, por mais “luz” que aches que eu dou à tua vida, sob a forma de sorrisos ou de conselhos que valem o que valem mas que, pelo menos, são garantidamente sinceros e dados de coração, não sei se farias um bom negócio em instalar-me… Cheira-me que eu seria a minhoca na maçã do teu“I-coiso”. Desde logo, porque ia ocupar imenso espaço e consumir bateria até dizer chega. Já viste como falo e a que velocidade?! Depois, seria difícil instalar-me porque sou um bocadinho complicada, exigente e pouco compatível com aplicações da treta que atrapalham o sistema… E, pior, uma vez instalada, ia massacrar-te com notificações a toda a hora

Avestruz

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Fingir que não se vê e enfiar a cabeça na areia, qual avestruz, para justificar não ver de facto, não me parece ser uma atitude muito inteligente. As coisas acontecem, quer se queira quer não e esconder-nos não nos protege, muito pelo contrário, deixa-nos curiosamente mais expostos ao sofrimento. Desde logo, porque se não vemos o perigo chegar, não o podemos evitar ou, pelo menos, acautelar. Se não o queremos ver ou prever, não aprendemos a dele nos defender. A coragem implica, à partida, reconhecimento da ameaça, da adversidade. E querer constantemente negá-las, afirmando que está sempre tudo bem, ou mascarando o que não está, pintando a realidade com tintas de quinta, não é sinal de audácia, é evidência de fraqueza. De querer optar pelo caminho aparentemente mais fácil mas que mais tarde se revelará muito mais penoso. De qualquer forma, não dá para fingir para sempre porque o buraco no chão vai abrindo, abrindo, e nem que seja à força vai revelando a verdade. Não se ganha na

11 de setembro

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Não preciso de voltar às imagens que marcaram este dia para sempre, para recordar sempre este dia. Esta data ficou definitivamente registada como uma tatuagem na memória. Na minha e na da Humanidade. De tal forma, que me lembro exatamente por onde andei e o que fiz naquele dia. E, como eu, milhões de pessoas por todo o mundo… Vinha do Algarve, regressando de umas férias que marcaram uma transição na minha vida, ironicamente, há 14 anos. Catorze… Um número que era mágico e deixou de o ser antes de atingidos os ditos… Enfim, vinha em viagem, alegremente e de carro, quando comecei a ouvir as primeiras notícias na rádio. Sem perceber muito bem, porque eram ainda escassas as informações que chegavam, não valorizei imediatamente. Chegada a Lisboa, fui direta à faculdade, penso que por causa da matrícula para o 5.º e último ano do curso, e aí os rumores ganharam nova força e geraram uma crescente preocupação, aumentando a suspeita de que não se teria tratado apenas de um acidente de av

À vela...

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Ainda tenho a cabeça carregada de termos náuticos, os braços e joelhos doridos e o coração cheio…! Curiosamente, apesar de viver há treze anos com o mar à porta, não punha o pé num veleiro há mais de quinze. Noutra vida, passeei pelo Tejo, aventurei-me pelo Atlântico e o último desafio desses tempos foi a odisseia Lisboa – Algarve que começou com um pequeno enjoo logo à saída da barra (acontece aos melhores…) e terminou com uma insolação já em terras algarvias (ok, aconteceu-me a mim). Hoje, ironicamente, são os ventos dessas mesmas terras que sopram a direção das velas da minha vida e apercebo-me da falta que sentia de muitas das paisagens que deixei para trás. E para quê? Para aprender a maior lição e a mais elementar, básica mesmo. A de que rigorosamente nada é seguro e de que pôr a mão no fogo por alguém pode mesmo resultar em queimadura de terceiro grau. Seja como for, estou a desviar-me da rota que me trouxe ao leme da escrita. Desafiada vezes sem conta a voltar a emba