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A mostrar mensagens de 2016

Hasta la Verdad...

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O mundo inteiro já sabe que Fidel morreu mas quantos saberão verdadeiramente como aquele país, nas últimas décadas, viveu?  Propagam-se ecos surdos por essa internet fora. Opiniões mais ou menos estudadas, politicamente influenciadas, com certeza até bem mais fundamentadas do que qualquer uma das minhas modestas considerações. À parte o conhecimento geral e teórico sobre a realidade política do país, tenho a experiência de quem lá esteve. Pouco tempo, verdade, e num contexto pouco cultural mas o suficiente para sentir o ambiente. Março de 2002, 5.º ano da faculdade, viagem de finalistas, passagem breve por Havana antes do destino final: Varadero e sua famosa paisagem. Brindámos com Daiquiris de morango no glamoroso Floridita , admirámos as paredes de memórias escritas da Bodeguita del Medio , observámos a arte de fazer os tão cobiçados charutos, subimos a imponente escadaria do Capitólio, fotografámos a Praça da Revolução… Mas não foi nada disto que me deixou maior impress

Paixão

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Nunca foi físico, não é físico, Porque é muito mais do que físico… Partindo dele, transcende-o… É uma atração intelectual, Uma afinidade imaterial. A empatia que gera o sorriso… A profundidade do olhar… A alegria na voz… A espontaneidade do toque. O coração a bater em sintonia… …Desenfreado, em correria. A intensidade da emoção, Motivada pela melodia… Que reflete a mesma paixão. A simplicidade de se dar, Sem temer a euforia. Inexplicável conexão, Que, mesmo em lágrimas, Exprime a mesma alegria. E no fim o vazio… De tamanha elevação, Recupera-se devagar, Refletindo horas a fio, Até com apreensão, Sobre como o justificar. Sofia Cardoso 09 de outubro de 2016

Metamorfose

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Até 2015, era uma lagartinha que nunca se achou feia mas que se deixava arrastar pelo que à sua volta via, sem grande ambição ou convicção no quão longe poderia chegar. Medo? Preguiça? Falta de tempo? Tudo razões plausíveis que um dia resolveu contrariar, quando começou a sonhar e a querer acreditar. Então construiu, com afinco, um casulo onde se fechou, durante um ano, sozinha a trabalhar. Durante todo esse tempo, retirou de cada um dos seus 365 dias uma cor bonita com que se pintar e foi-se transformando até criar um padrão que a fizesse brilhar. Em 2016, já uma borboleta pronta para se apresentar, saiu do casulo, pelas próprias asas, decidida e sem receio de fraquejar. Foi quando percebeu que sabia voar e que nas mãos dos outros poderia pousar. Todos quantos agora a podem admirar e para sempre preservar. Assim a mera escrita se fez livro e a mera criadora se fez escritora. Porque quando se sonha e se acredita só é preciso trabalhar, trabalhar, trabalhar... E este proce

40, a sério?!?!

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Era uma vez uma miúda que adotou o melhor amigo do irmão… A mesma miúda que entrou na tua vida há cerca de 26 anos e que se instalou no melhor lugar que encontrou. O mesmo lugar privilegiado que daí até hoje lhe tem permitido partilhar mil e uma experiências contigo. As mesmas experiências que nos fizeram crescer juntos, da pré-adolescência até à idade adulta. Um crescimento feito de histórias com episódios intercalados de drama e comédia. Drama e comédia que sempre tão bem soubeste partilhar porque a tua disponibilidade não tem limites e, sempre presente, conseguiste estar. Uma presença que nunca conheceu distâncias porque de Sintra ao Algarve, passando maioritariamente por Lisboa, nunca deixámos de nos apoiar. Um apoio incondicional de quem corre lado a lado, não para ganhar, mas pelo simples prazer da corrida partilhar. Uma partilha que soma muito mais do que corridas. Soma emoções, lições e (vá lá, tenho que dizer…) umas belíssimas refeições, a pret

(Sobre)viver no Algarve em agosto

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É sabido e inegável que o Algarve é uma confusão em agosto. Só que para muitos é também difícil ou impossível sair dele, uma vez que aí residem e trabalham. Entendo, na pele, o que isso implica e, para não me limitar a queixar-me como toda a gente, arranjei os meus próprios escapes. Assim, o maior e mais simples segredo é: se não os podemos vencer… Evitemo-los! Comecemos, então, pelas necessidades elementares: comer e dormir. Para ter a casa provida de tudo o que precisamos, o melhor é fazer umas compras alargadas, qual formiga em versão verão, e encher a despensa. Nesse sentido, obviamente temos que enfrentar aquela temível fera que nesta altura engole dezenas de pessoas de uma só vez, mais conhecida por supermercado (ou se for mesmo um monstro, hipermercado). O meu conselho: hora de abertura (ao sábado, se o horário de trabalho não o permitir durante a semana). Depois, temos a questão do conseguir dormir. Se morarmos num local especialmente concorrido e propenso a barulho

Cartas... Que saudades!

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A tecnologia suplantada pela saudade da tradição… Depois de receber uma vídeo chamada, fui rapidamente levada a bons velhos tempos, onde se escrevia à mão e não se teclava. E a evolução dos tempos tem coisas mesmo curiosas. Eu, que hoje em dia sou completamente avessa a fazer amigos pela internet e não aceito ninguém como amigo no Facebook que não conheça de facto, fiz um amigo há mais de 20 anos e um perfeito desconhecido na altura, através de uma cadeia de cartas – uma espécie de rede social à moda antiga que já nem sei como começava mas que fazia jovens de todo o país trocarem postais. Com esta recordação que data de 1994 (!), veio-me uma imensa saudade das cartas e postais que tanto escrevi e tanto recebi, de amigos e familiares, nos tempos em que o telemóvel nem era um sonho, quanto mais uma necessidade e o computador ainda não era uma social realidade. Sempre gostei de escrever, de comunicar, de estar em contacto com as pessoas. E se agora é tudo imediato e por um lado s

RE-LA-TI-VI-ZAR

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Escrever o meu livro implicou um exercício permanente de pensamento positivo, sob um olhar atento a tudo o que vi e vivi diariamente. Essa perspetiva da realidade, motivadora de uma forma muito particular de ser e de estar, criou em mim um hábito que tão cedo não me largará. De modo que, todos os dias, quando algo me inspira, me marca, me alegra, sou imediatamente impelida a reconhecer que esse pormenor fez o meu dia, embora já não escreva diariamente. Esta manhã vivi um momento especial. Daqueles bem simples que nos enchem o coração e que põem num canto qualquer preocupação. Nem toda a gente tem a capacidade de lidar com a diferença, de enfrentar a provação. Eu admiro muito quem o faz e demonstra que se entrega totalmente de alma e coração. Nós em família na praia, primos saudáveis e felizes a brincar juntos, lado a lado com crianças a quem a vida não deu a mesma liberdade. Vieste ter comigo para me cumprimentar com a “tua” menina ao colo e comoveste-me mesmo… Felizmente es

PORTUGAL!!!

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24h depois, a serenidade. Há doze anos que tinha entalada esta felicidade. E acreditei mesmo que era desta. Não desanimei, nem censurei a Seleção após a sua primeira exibição. Não questionei, nem me lamentei. Não tenho jeito para “Velha do Restelo”. Sou de convicções, de “feelings”, de firmes posições. Em 2004, a derrota ficou-me atravessada e gravou-me na memória a imagem de mim mesma, no chão, ajoelhada, incrédula e frustrada, só superada pelas lágrimas do Ronaldo e pela sensação geral de uma Nação desolada. Nunca tínhamos estado tão perto e faltou-nos mesmo só um bocadinho assim… E em casa, num ano que elevou a motivação e o orgulho nacional a um nível nunca visto. Certo é que, desde então, a esperança se renova a cada quatro anos, a bandeira regressa à janela e o meu velhinho cachecol renova a sua função. Este ano, talvez porque estou numa fase de regeneração interior, senti uma confiança diferente, desde o primeiro dia. Nunca duvidei e torci sempre com o mesmo entu
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Deus quis, eu sonhei, a obra nasceu…! É com enorme alegria e gratidão que partilho convosco o meu sonho tornado realidade: Este livro resulta de um ano de muito trabalho interior, de uma entrega diária, sentida, por vezes difícil… Espelho do que a minha vida tem de mais simples e, por isso, mais importante: pessoas e momentos. O desafio agora é reconhecerem-se neles… Muito obrigada a todos (muitos de vós…) quantos me serviram de inspiração em cada pormenor e à Capital Books que me conduziu tão bem até aqui. Sofia Cardoso 05 de julho de 2016
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Até sempre...!

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Depois de um dia como o de ontem, fico sempre num reboliço interior. E o que faço para sossegar? Escrevo, naturalmente. Voltei àquela casa, a convite, supostamente apenas por seis meses, seis anos depois da primeira experiência por lá. Fiquei cinco anos… Cinco anos muito cheios, muito emotivos, onde houve de tudo um pouco: riso, choro, união, desilusão… Onde fiz um pouco de tudo: fui apoio das colegas e seus alunos, prestei alguns serviços administrativos pontuais, vigiei recreios, dei aulas de Expressão Plástica, fui revisora, jornalista, conselheira, cenógrafa… Onde recebi de tudo: carinho, compreensão, amizade, chamadas de atenção, elogios e uma ou outra lição. Nem sempre foi fácil ou mesmo gratificante porque é complicado o meio da educação. Sempre disse aos meus alunos que os tratava como meus filhos. Ora, se nem sempre é simples ser mãe das minhas próprias filhas, em quem invisto tudo, dia após dia, e mesmo assim enfrento obstáculos e sou constantemente testada, mais d

Relaxar ou reclamar?

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Não gosto mesmo nada de me demorar num sítio onde me está a ser prestado um mau serviço. Muito para além do aborrecimento que já me causa o anormal tempo de espera ou a falta de qualidade/profissionalismo do atendimento, o que mexe mesmo comigo é o ambiente de crescente tensão que se gera em volta. Na verdade, é, para mim, um imenso constrangimento assistir a vários clientes a refilar, entre dentes ou não. É como se tomasse as dores de quem flagrantemente está a falhar, talvez apenas porque não goste de sentir que alguém está numa posição vulnerável à minha frente. É que eu nem sou muito exigente. Sou, até, bem pacífica e nestas questões muito paciente. Por isso, se já eu estou descontente, é porque a coisa está mesmo a correr mal e já há quem esteja verdadeiramente irritado. Sentada de esplanada, rapidamente me apercebo de que a capacidade de resposta é bem demorada… Nem se entende porquê. Não está assim tanta gente, pelo que é fácil de concluir que se trata de pura falta de

Confidência(s)

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Tenho tanto para dizer, tanto para agradecer, que as palavras não chegam… A tua voz, sozinha, ilumina uma sala às escuras com o seu poder impressionante. Limpa, segura, afinada, possante… Depois junta-se-lhe a interpretação sentida, alegre, despretensiosa, cheia de vida… E os músicos e convidados que harmoniosamente te completam... Tudo somado, resulta num espetáculo de uma riqueza única que entusiasma, contagia, comove… De facto, o entusiasmado «És linda!» que vinha do meu lado da plateia é perfeitamente legítimo, ainda que não tenha partido de mim… A mim, apeteceu-me mais levantar-me como a prima Noélia e dançar convosco ao som de «Criatura da Noite». De mim, tiveste fortes palmas, tímidos assobios, notas mais ou menos afinadas, lágrimas discretas e alguns arrepios. Palmas para o poder dessa tua imensa voz, instrumento que faz frente a uma orquestra inteira. Vénia para o genuíno momento de partilha dedicado a Ary dos Santos e sua «Desfolhada». Uau para o dedilhar hipnotizant

Ensemble

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Há momentos em que, definitivamente, o tempo devia ser obrigado a parar. Curiosamente são também esses que, deixando-me sem palavras, me obrigam ao mesmo tempo a procurá-las incansavelmente para eternizar as emoções que fizeram despertar. Depois do “Solo”, intensamente descoberto e assim vivido e partilhado nos últimos nove meses, eis que nos vemos “Ensemble” novamente. Fiz-me à “Estrada”, de volta à minha terra, ansiosa e propositadamente. Esqueci a magia inesperada vivida numa cadeira de plástico a céu aberto e viajei sonhando com um assento numa confortável plateia, procurando encontrar aquela ilustre sala completa e merecidamente cheia. «É diferente», dizias no fim, comparando os dois trabalhos e querendo saber se gostara. É, sem dúvida. A orquestra é uma mais-valia que confere uma maior intensidade à força já de si arrebatadora das tuas teclas mas a emoção que provoca em mim é precisamente a mesma. Amei, como nunca duvidei. “Lembro-me” exatamente de como senti o “Solo”

Eu, cidadã.

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De miúda fiz-me mulher, com muito orgulho e sem precisar de quem me reconheça, por isso, um estatuto especial. Em criança, sempre ajudei em casa, a par de brincadeiras, enquanto ia crescendo. Já universitária, fui babysitter e trabalhei numa loja, prescindindo de horas de diversão para juntar uns trocos para ir sustentando essa mesma diversão quando pudesse. Acabado o curso, fiz as malas e mudei de distrito por amor, começando logo a estagiar. Fora de casa dos pais, passei a ter a minha e uma vida em comum para gerir. Sempre tratei de tudo quanto são burocracias da vida adulta. As minhas e as de quem vivia comigo. Contas, prazos, obrigações, sempre foram uma das minhas muitas ocupações, mesmo partilhando tudo o resto. Idealizei todo um casamento, desde a cerimónia à decoração da festa e de tudo tratei, ao pormenor, sem recurso a empresa XPTO de organização de eventos. Agarrei sempre as poucas oportunidades de emprego que foram surgindo, mesmo fora da minha área de formação o