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A mostrar mensagens de 2019

Obrigada, 2019...

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Em 2019 fiz 40 anos. Eu, uma série de bons amigos, o Serviço Nacional de Saúde, a Rádio Comercial (Vasco Palmeirim incluído!), o Mini Preço, os Xutos e Pontapés, o Walkman, o capacete amarelo do Ayrton Senna... A carreira literária do António Lobo Antunes... E, 40 anos depois de lançado o seu primeiro livro e 8 anos depois de lhe ter escrito uma carta (à boleia dos 60 da minha mãe), tive o privilégio de o conhecer (sim, o António Lobo Antunes). Momento que, com a minha "Memória de Elefante"', jamais vou esquecer. Entretanto, digo sempre que não gosto de balanços e que prefiro olhar para a frente mas é inevitável olhar uma última vez para trás e deixar partir a dor sentida por quem também partiu em 2019 mas tanto de si nos deixou, sobretudo a alegria de viver e a certeza de que só a sorrir gostariam de nos ver... E a sorrir voou mais um ano. De muito trabalho mas com uma equipa fantástica que tem conseguido fazer a diferença. De momentos únicos, de passeios e viagens em

Pouca-terra III

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Desta vez o comboio nem precisou de começar a andar para a cabeça começar a fervilhar de vontade de escrever. Eu já bem sentada e entra um senhor com alguma idade, escoltado por alguém que se prontificou a indicar-lhe o seu lugar. Viaja sozinho, ao meu lado, do outro lado do corredor, o mesmo que inadvertidamente impediu durante uns longos minutos, até conseguir tirar do ombro o pesado saco reutilizável de compras que trazia, cheio de outros sacos de plástico não tão reutilizáveis assim. Uns 10 min depois do comboio partir, toca um telemóvel, num toque estridente que só pára quando o senhor consegue finalmente tirá-lo do bolso da camisa de xadrez. Alguém preocupado do outro lado, que logo é tranquilizado com um “já vou a caminho”, “está a correr tudo bem até agora”, “as pessoas são simpáticas, até me vieram trazer ao meu lugar!” [Sorrio e pego na caneta] O senhor da CP (será o maquinista?) dá-nos as boas vindas em não-sei-quantas línguas (espetáculo, muito à frente!) e deseja

Pé n'areia, olho na vida alheia

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Já vos disse multiplicadas vezes que adoro pessoas, mesmo que goste cada vez mais de estar sozinha. Cada pessoa representa um conjunto de histórias, umas parecidas com as nossas, outras completamente diferentes mas todas únicas, desde logo porque os protagonistas nunca são os mesmos. Há aquelas que são como livros abertos, outras, mistérios por desvendar. Quando desconhecidas, gosto de as observar, de ver como se comportam umas com as outras ou sozinhas. A praia é um bom sítio para (ad)mirar pessoas. Ouve-se inadvertidamente as conversas, distingue-se as pronúncias, cataloga-se, sem maldade. Precisamente onde estou. Mesmo chegando quase às 18h, há muita gente. (Típico domingo de agosto numa das praias mais “in” do sotavento algarvio, querias o quê?!) Música de fundo: o suave bater das ondas do mar. Ruídos: o choro gritado de criança, o bater de uma bola, o vento a soprar, a avioneta que aqui e ali atravessa o céu puxando a publicidade do momento. O casalinho ao meu lado direi

Não te percas...

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Todos nós já perdemos um pouco da nossa essência ao longo da vida, nalgum momento, por alguma razão. Esquecemo-nos dela, abdicamos dela, perdemo-la de vista no meio dos muitos papéis que temos que assumir, das responsabilidades, das exigências do mundo à nossa volta, da rotina, das escolhas que fazemos, das prioridades que estabelecemos, das pessoas com quem nos relacionamos... Até ao dia em que, naturalmente ou porque "empurrados da cama", acordamos para a vida e volta aquela adrenalina que está na base da felicidade pura, que nos recorda a falta que sentíamos de algo e nem nos apercebíamos. Mas e aqueles que não acordam a tempo ou não acordam de todo? Que fizeram de si e por si na vida que os consumiu? Não podemos deixar-nos engolir pela vida quando devíamos antes ser nós a degustá-la. Por outras palavras, não podemos deixar que a faceta obrigacional assuma o protagonismo e nos roube o prazer de sermos quem somos, de fazermos o que mais gostamos, antes de todos os papéis

O que é feito do Amor?

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Não aprendi muito desde a última vez que escrevi sobre o Amor. Acho que cada vez percebo menos do assunto, já o disse e continuo a assumir. Mas pelo menos ainda me questiono, não insistindo ainda que sem desistir. Diz-se que “cada panela tem a sua tampa”… Então e aquelas pessoas que estão mais para tupperwares? (Toda a gente sabe a dificuldade que existe em encontrar as respetivas…) Sim, estou a ironizar ou só a tentar ter piada mas, vá lá, como se pode falar e pensar seriamente no assunto numa sociedade que parece banalizá-lo cada vez mais, ridicularizá-lo até? Ele é aplicações, programas de TV e sei lá mais o quê na tentativa (desesperada) de encontrar o/a tal, que a mim me salta cada vez mais a tampa (que não tenho!) O que é feito do Amor natural, espontâneo, puro, sincero? Os cupidos devem estar todos de greve ou deixaram mesmo de exercer face a esta palhaçada crescente do “self-made love” ou lá o que a isto se possa chamar. Aliás… Amor?! Arranjar um parceiro à força? Iss

Reconstrução

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Quatro anos de reconstrução diária. De aceitação, de reorganização, de renovação, de aprendizagem. De libertação gradual de anos de bagagem. Uma viagem sem companheiro do lado, a três velocidades, movida a força interior, rumo a um destino desconhecido, mesmo se traçado. Feita de dias, dissabores, sentimentos e humores para todos os gostos. Feita de pequenas conquistas e grandes incertezas. Redefinindo prioridades, abdicando de algumas regalias, respeitando as responsabilidades todos os dias. Mesmo quando faltou vontade, quando faltou energia. Mesmo quando sobrou desencanto, tristeza, ansiedade… Sempre, sempre, com um sorriso rasgado no rosto, que nunca pretendeu disfarçar o coração rasgado no peito mas ajudou muito a encarar o mundo, as pessoas em redor, que continuaram a girar e a quem não interessa ver-te fraquejar. Ainda que chores e chores muito. A tua defesa e escape a qualquer adversidade. Uma forma saudável e natural de libertação para quem tem essa facilidade. E se

Linhas cruzadas

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Não acredito propriamente no destino. Não no sentido de tudo estar prévia e romanticamente escrito nas estrelas. Até porque creio no livre-arbítrio e defendo-o, uma vez que a liberdade é um Valor que prezo particularmente (talvez até demais, assumo). Mas (e há sempre um mas…) há coisas que nos acontecem, pessoas que cruzam o nosso caminho (ou nós o delas) que não podem ser meros acasos. «Não há coincidências» − diz-se, e eu acredito, porque há muitos pontinhos no desenho da minha vida que só podem estar interligados, mesmo que por uma linha invisível. Demoramos é demasiado tempo a ver os seus contornos, que é como quem diz, a atingir os porquês de certas circunstâncias. Encontros, desencontros, ilusões, desilusões. Muitos dependem de atitudes ou de tomadas de posição. Muitos, não. Há muita coisa que buscamos, por que lutamos; como há muita que nunca encontramos, nem desejamos. Só que também somos, mesmo sem o perceber, encontrados, procurados ou não. Há histórias de vida cruzad