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A mostrar mensagens de junho, 2015

Encaixe

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As pessoas ouvem tudo, encaixam o que querem e interiorizam o que lhes convém. Sempre foi assim, é assim e assim sempre será. Porque somos todos diferentes e a maneira como encaramos os acontecimentos depende invariavelmente de como fomos moldando a nossa maneira de ser e de estar, em função das formas em que nos vimos enfiados para crescer no forno da vida, não sem esturricarmos um pouco, aqui e ali, quando sujeitos tempo demais ao seu aperto abrasador… Cada um opina e age em conformidade, não com as circunstâncias em que o alvo da opinião se encontra, mas de acordo com a ideia por si mesmo criada do que considera que se passa, mesmo que desconheça o essencial.   A partir daí, interessa só o que se enquadra bem na moldura para a fotografia que se tirou da situação, com a sua própria lente. O poder de encaixe de cada um é, portanto, bem ou mal, limitado e quanto a isso não há nada a fazer, senão sensatamente optar pelo silêncio, quando nada houver de positivo para dizer. O

Números mágicos

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Existe uma cartola de memórias numa parte mágica do meu cérebro… Quanto mais retiro dela, mais momentos saltam cá para fora. Qual buraco negro invertido de datas e respetivas recordações. Há quem não lhes ligue nenhuma (às datas…), nem tão pouco as memorize. Já eu, nasci com uma aptidão estranha para decorar números sucessiva e involuntariamente. Com 35 anos, ainda recordo dias de aniversário de colegas da escola primária, números de matrícula de colegas de turma do secundário e, até há uns anos, números de telefone do tempo universitário…! E nunca fui propriamente uma amante de números. Sempre preferi as letras. Curioso. Mas, então, por que razão os números cá ficam? Fácil. Porque guardo bem as histórias e personagens que lhes estão associados. Apenas isso. Podem ser enredos alegres ou tristes, feitos de sorrisos ou de lágrimas. Se marcaram profundamente, aquele dia imediatamente fica gravado na mente. Há um fator que ajuda porque as películas de memória não são mudas e n

Só um Sonho

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Sonhei contigo. Gostava de to dizer. Foi tão real… Que perigo! Tanto quanto pode ser. Ainda estou a ver-te Sorrir como antigamente. Aquele gozo de ter-te A provocar-me deliberadamente. Já não é este o primeiro Poema que te escrevo. O outro foi subterrado pelo tempo E desenterrá-lo agora, não devo. Na verdade, nem sei o que dizia Numa idade delicada Em que pouco ou nada escrevia Mas pela vida já era apaixonada. Vens-me agora, assim, à memória Sem que a razão o entenda. Está bloqueada a minha história E o destino saiu-se pior que a encomenda. Deixa-te estar, não te incomodes Que o que não foi, não teve que ser. Sê feliz mas não te acomodes A pouco, se muito puderes ter. Eu cá sonho, timidamente E de noite, sem me aperceber Porque às claras e abertamente Nem pensar nisso; é para esquecer! Valha-me a escrita E quem muito me conheça, Para entender esta cabecita E não deixar que esmoreça. Não busco o impossível.