Reconstrução
Quatro anos de reconstrução diária. De
aceitação, de reorganização, de renovação, de aprendizagem. De libertação
gradual de anos de bagagem.
Uma viagem sem companheiro do lado, a três
velocidades, movida a força interior, rumo a um destino desconhecido, mesmo se
traçado. Feita de dias, dissabores, sentimentos e humores para todos os gostos.
Feita de pequenas conquistas e grandes incertezas.
Redefinindo prioridades, abdicando de algumas
regalias, respeitando as responsabilidades todos os dias. Mesmo quando faltou
vontade, quando faltou energia. Mesmo quando sobrou desencanto, tristeza, ansiedade…
Sempre, sempre, com um sorriso rasgado no rosto,
que nunca pretendeu disfarçar o coração rasgado no peito mas ajudou muito a
encarar o mundo, as pessoas em redor, que continuaram a girar e a quem não
interessa ver-te fraquejar.
Ainda que chores e chores muito. A tua defesa e
escape a qualquer adversidade. Uma forma saudável e natural de libertação para
quem tem essa facilidade.
E sem dares por isso, naturalmente, as peças
foram-se encaixando e o puzzle começou a redefinir-se, a fazer sentido. Obténs,
só agora, resposta a perguntas com quase uma década e apercebes-te de tudo o
que, entretanto, tens alcançado. Mérito e sorte teus e das “luzes” que te têm
rodeado, guiado. Que dão cor e vida ao (teu) desenho.
O puzzle não está completo, até porque não tens
as peças todas, e mesmo com todos os medos e reticências, sentes que a vida
está do teu lado, não só porque fazes por isso mas também porque mereces e,
apesar dos pesares, e de tantas vezes duvidares, lá bem no fundo, sabes disso.
Sofia Cardoso
10 de fevereiro de 2019
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