Amachucado?

Pega numa folha de papel. Lisa, imaculada, perfeita. Agora amachuca-a (nem é preciso muito) e volta a abri-la. Consegues deixá-la exatamente como era? Claro que não…!
Também assim, se pegares numa peça de roupa delicada, uma linda e macia camisola de pura lã, por exemplo, e a colocares na máquina de lavar, numa temperatura mais elevada do que deverias e, como se não bastasse, ainda caíres na estupidez de a centrifugar como se não houvesse amanhã, quando a tirares da máquina, talvez encontres uma tesa camisola, tamanho de criança…
Estamos a falar de coisas e estas podem, verdadeiramente, mudar a sua natureza quando maltratadas.
Então… E as pessoas? Podem ser amachucadas, encolhidas (magoadas, basicamente) e irremediavelmente alteradas, corrompidas?
Acredito que não. Não na sua essência. E porquê? Simplesmente porque as pessoas têm duas capacidades essenciais que faltam às meras coisas: o poder de decisão e a inteligência. É certo que têm, igualmente, uma terceira: a memória, que se equilibra – às vezes com muita dificuldade – numa linha muito ténue entre uma capacidade ou uma fraqueza mas, querendo (essencial!) e sabendo o que é mais benéfico para si, conseguem endireitar tudo, mesmo não esquecendo como foram amarfanhadas.
Podes ter visto o teu coração amachucado por outros ou encolhido pela máquina da vida mas é a ti e só a ti que cabe a decisão de o estender para que – e por quem valha a pena que – continue a bater.










Sofia Cardoso
21 de novembro de 2015 

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