Cartas... Que saudades!
A tecnologia suplantada pela saudade da tradição…
Depois de receber uma vídeo chamada, fui rapidamente levada a bons velhos
tempos, onde se escrevia à mão e não se teclava.
E a evolução dos tempos tem coisas mesmo curiosas. Eu, que
hoje em dia sou completamente avessa a fazer amigos pela internet e não aceito
ninguém como amigo no Facebook que não conheça de facto, fiz um amigo há mais
de 20 anos e um perfeito desconhecido na altura, através de uma cadeia de
cartas – uma espécie de rede social à moda antiga que já nem sei como começava
mas que fazia jovens de todo o país trocarem postais.
Com esta recordação que data de 1994 (!), veio-me uma imensa saudade das cartas e postais que tanto escrevi e tanto recebi, de amigos e familiares, nos tempos em que o telemóvel nem era um
sonho, quanto mais uma necessidade e o computador ainda não era uma social
realidade.
Sempre gostei de escrever, de comunicar, de estar em contacto com as
pessoas. E se agora é tudo imediato e por um lado se encurtam (ou dissimulam) as
distâncias, por outro, nada se compara à emoção de esperar dia após dia e espreitar
a caixa do correio para saber se havia novidades. E quando havia, já só se
pensava em escrever de volta porque quanto mais depressa se o fizesse, mais
depressa viria nova resposta.
Perdida nestas recordações, fui buscar aquela caixa fechada há tempo
demais no alto do armário da lavandaria e abri um poço de palavras escritas que
me fizeram rir e chorar. E havia tanto para relembrar e apreciar…!
Encontrei correspondência de pessoas que já nem sei quem são e daqueles
que até hoje guardo no meu coração mas cujas palavras não me lembrava de tão
distantes que estão.
É estranho… Estamos todos tão mais perto, é tudo tão mais rápido e
comunicamos cada vez menos profundamente… É sempre o básico, só para combinar
isto ou aquilo ou tratar de alguma questão mais urgente.
Admiro e usufruo muito da tecnologia e do que nos permite atualmente. Adoro,
por exemplo, o poder imediato das imagens que podemos fazer chegar a qualquer parte
do mundo, em qualquer momento, mas confesso que sinto muita falta do poder das
palavras. Na sua essência, com amor, sem urgência…
Sofia Cardoso
04 de agosto de 2016
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