Era hoje...


Era hoje, Vero. Devíamos estar em Lisboa, a correr juntas, com a adrenalina lá no topo, o sorriso mais rasgado que nunca, os nervos à flor da pele e a garra de chegar ao fim a ser mais forte que tudo... (Pelo menos foi assim que imaginei).
Há anos que sonhava atravessar a minha ponte a correr. Mas sonhava baixinho. Era na Mini sempre que pensava. Só que surgia sempre qualquer imprevisto ou obstáculo e não dava. Desta vez é que era...! Seria a Meia, só porque...! Achei que era por isso que nunca antes tinha acontecido. Agora seria ainda melhor...
Fui eu que te desafiei mas foste tu que me fizeste acreditar que conseguia. Começámos a treinar juntas há 4 meses. E nem eu tinha noção da dificuldade e da minha capacidade de superação. Sou assim. Às vezes lanço-me num desafio sem pensar muito e depois não há voltar a dar. A obstinação ajuda a não parar.
Já devia saber que nunca podemos dar nada por garantido e mais depressa duvidei que conseguisse chegar ao fim do que nem chegasse a lá ir... Mas a vida é assim, meia louca, sempre a testar-nos, e agora estamos todos na linha de partida sem saber para onde vamos e quando chegamos à meta desta situação.
Sabia que ia escrever sobre este dia e, apressada como sou, até já tinha sonhado com as palavras que poderia escrever(-te), só nunca pensei que fosse nestas circunstâncias. (Ninguém podia prever isto!) Mas tinha que escrever de qualquer maneira e há uma coisa que tenho para te dizer, apesar de tudo: obrigada! Sem ti não teria sido sequer possível treinar como treinei durante todo este tempo. A tua determinação, o teu incentivo, a tua boa disposição, a tua força fizeram com que me superasse, mesmo quando foi difícil, com que também acreditasse, com que não desistisse. Mais, estes 4 meses reforçaram a nossa amizade, passámos muitas horas juntas, na natureza, com o mar no horizonte, estrada fora, e isso já ninguém nos tira. És uma companheira de equipa extraordinária e seria um orgulho comemorar contigo esta conquista.
Adiamos, por agora. Não sei se pelo tempo que dizem mas também não interessa. Interessa, por agora, ficarmos bem, superarmos esta prova maior para a qual não nos inscrevemos mas na qual estamos todos juntos a tentar chegar bem ao fim, sem medalhas, só gratidão.
Gosto muito de ti e tenho saudades de sofrer, digo, correr contigo!
Beijinhos e até já!
Sofia Cardoso
22 de março de 2020

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