Reviver
Sempre tive o hábito de, quando as minhas
amigas faziam anos, felicitar também as suas mães. Sempre o fiz por ter a
convicção de que elas estavam, na realidade, de parabéns em primeira linha.
Afinal, sem elas não teria conhecido as aniversariantes.
Pois este meu gesto ganhou uma nova dimensão, um
cunho mais pessoal, desde que fui mãe pela primeira vez. Acho mesmo que as mães
devem ser as principais acarinhadas no dia em que supostamente os reis da festa
são os filhos.
Posso enumerar uma série de razões mas quem é
mãe deve saber exatamente por que o sinto assim.
A gravidez é, sem dúvida, uma fase sempre única
na vida de uma mulher, por mais filhos que possa ter. O parto, um momento
glorioso, sobretudo se natural.
Só que nem todas as gravidezes e nem todos os
partos são “passeios no parque”… Por vezes são mais uma “via-sacra” que parece
não ter fim…
Tive o privilégio e a imensa felicidade de
experienciar um parto natural de primeira filha! Maravilhoso… Indescritível…
Memorável… Supremo momento de glória…
E nem ouso queixar-me muito da dor (sim, porque
qual epidural, qual quê, nada disso no hospital público em questão, ao tempo…)
porque acho que não é nada tão dramático assim, nada que não seja suportável e
depois a emoção e a alegria superam tudo…! Se me lembro das dores que tive?
Claro que me lembro mas ficaram para trás, guardadas no fundo da memória. Já a
intensidade do momento de pegar na minha filha pela primeira vez depois de a
ter trazido ao mundo sem qualquer ajuda extra está bem viva e estará para
sempre cá dentro, na lembrança, no coração…! Não há na vida sensação
comparável.
À segunda, a coisa foi diametralmente oposta.
Se a primeira tinha pressa de sair e depressa se colocou a jeito e o fez, a
segunda entendeu que se estava muito bem sentadinha cá dentro pelo que se eu
quisesse que a tirasse… Cesariana!
Desde que soube que não adiantava, que ela não
me ia fazer a vontade de nascer naturalmente, fiquei como que amuada, para não
dizer contrariada…!
Bem, lá teve que ser e correu tudo bastante
bem, não fora o meu útero ter resolvido contrariar-se também, descontraindo-se…
(Bolas, mas porque é que eu resolvi ser
comichosa?!) Ok, fiz cesariana, paciência, o que interessava era que ela
nascesse bem e com saúde e mais nada. Contudo, o meu amuo deve ter levado
“alguém” (lá em cima, entenda-se!) a achar que eu merecia uma lição.
No meu caso particular, era esta a “via-sacra”
a que há pouco me referia… Coisa para uma meia hora, nada mais mas uma meia
hora que chegou bem para as quatro horas de trabalho de parto da primeira.
Não vivi, de facto, um bom momento quando, ao
fim do dia do nascimento da minha segunda princesa e quando nada fazia prever
(ela já estava comigo havia quase sete horas…), tive uma senhora hemorragia…
Valeram-me os bons (e prontos!) cuidados médicos
prestados e a coisa resolveu-se.
Só que nunca mais esqueci o sofrimento desses
minutos que dispensam descrição.
Aconteceu, passou, ficou tudo bem, sem sequelas
ou problemas de maior, mas deixou as suas marcas e lamento que, involuntariamente,
este momento me venha sempre à memória quando celebro este dia…
No entanto, assim ganhei ainda mais respeito
pela saúde, pelos profissionais desta área, pela vida…!
Não podemos dar nada por garantido porque às
vezes nos sai tudo ao contrário e por isso mesmo devemos valorizar ainda mais cada
sucesso com dificuldade conseguido.
Sofia Cardoso
02 de fevereiro de 2015
Grd bj minha querida! E muitos parabéns às três! São todas fantásticas :)
ResponderEliminarMuito obrigada, minha querida!!! Love U.
EliminarBeijinho grande das 3. =)