Alvorada!

Aí está algo que me é muito difícil… Acordar! Não, minto. Não é, na verdade, o acto de acordar que me é difícil. É mais o acto de me levantar porque acordar, isto é, despertar para o consciente, abrir os olhos, até me é bem fácil. Tenho o sono leve…
É no levantar que reside o meu calcanhar de Aquiles. Ai, se reside…! Custa-me tanto…!
Não pensem que sou preguiçosa, nada disso! De resto, detesto sestas a meio do dia ou pausas para “passar pelas brasas”. Sou daquelas que só dorme à noite (mesmo que pouco).
Quando estudava e o sono (ou cansaço!) falava mais alto a ponto de me fazer tombar em cima dos livros (raras vezes mas chegou a acontecer), quando acordava, ficava furiosa e maldisposta e com dores de cabeça e… e… e…
Acontece que, de manhã, apesar de os meus olhos responderem pronta e obedientemente à primeira chamada do despertador, o resto do corpo parece estar preso aos lençóis e que uma qualquer força maior me impede de por o pé no chão…
É esse o principal obstáculo: passar da posição de deitada, gradualmente, para a posição de sentada e, por fim, pôr-me de pé.
Tudo bem, aceito que pareça meio teatral esta minha tentativa de levar a cabo acto tão banal mas é só para terem uma ideia de como me custa mesmo.
A sorte é que o facto de ser uma despachada em quase tudo, aqui também não me deixa ficar mal porque, ao contrário do que possa parecer, esta peripécia não dura mais do que escassos minutos. (Estava era a descrevê-los em câmara lenta para atingirem a dimensão do meu dilema, só isso!)
Ora, depois de colocados os dois pés no chão, estou safa. Já tudo corre melhor. Nem preciso de esperar pelo primeiro café do dia para me sentir verdadeiramente acordada.
No entanto, insisto, aqueles primeiros minutinhos dão cabo de mim!
Bom, bom, era acordar numa espécie de piloto automático, isso é que era! Só que, na falta de tecnologia que baste para esta minha angústia matinal, resta-me intensificar a busca de um despertador feito à minha medida, qual gadget com a incrível capacidade de me levar ao colo até ao WC (se não for pedir muito…)







Sofia Cardoso
30 de Janeiro de 2011

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